terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Os Piratas da Ilha da Armona

Já devia ter contado (aqui) esta história. É uma história que inventámos quando regressámos de férias o ano passado. Ainda hoje a contamos ao Índio Pirata, ainda hoje ele adormece embalado nesta aventura.


O calendário marcava o dia 14 de Agosto de 2016, quando um menino partiu com os seus pais rumo à Ilha da Armona. Durante a viagem conversaram sobre as brincadeiras que pretendiam fazer, sobre os mergulhos que queriam dar, sobre os castelos que tinham intenção de construir. Quando chegaram à Ilha, o menino ficou encantado com a quantidade de barcos que viu: uns grandes, outros pequenos, uns na terra, outros no mar. Quase todos tinham um nome. Cada um tinha a sua cor. Todos estavam ancorados. Ao longe avistou um grande barco, um barco diferente de todos os outros: um barco que ardeu. O que terá acontecido àquele barco? - perguntou o menino. Pediu a vários moradores da Ilha para lhe contarem a história daquele barco, mas ninguém sabia relatá-la. Com a ajuda dos pais, encontrou o pescador mais velho da Ilha, o Pescador Barbas, que se disponibilizou para lhe contar a verdadeira história do Barco Pirata da Armona - era este o seu nome.

"Há muitos, e muitos anos viviam na Ilha da Armona Piratas Bons, os Piratas da Armona. Todos os dias iam à pesca, traziam peixe fresco para os habitantes da Ilha e viviam em comunidade sem conflitos. Saíam para o mar quando o sol nascia e regressavam pouco antes do meio dia. O único assalto que faziam era ao mar, roubavam-lhe peixe. Num dia de grande pescaria, encontraram no fundo do mar uma arca cheia de moedas de ouro. Há muito que aquele tesouro fora escondido pelos seus antepassados, de maneira a evitarem os assaltos constantes dos Cavaleiros Salteadores das Ilhas Vizinhas.
Com as moedas de ouro que encontraram, os Piratas da Armona decidiram reconstruir as casas mais antigas da Ilha: algumas não tinham portas nem janelas; outras tinham o telhado ratado e buracos nas paredes. Perceberam, passado pouco tempo, que aquele tesouro era insuficiente para reconstruir todas as casas que necessitavam de reabilitação e decidiram partir à procura de novos tesouros escondidos no fundo do mar. Durante a viagem, enfrentaram tempestades, monstros marinhos e peixes gigantes, mas conseguiram encontrar o que tanto procuravam. Já de regresso à Ilha, foram cercados pelos Cavaleiros Salteadores das Ilhas Vizinhas. Lutaram com as suas enormes espadas e com toda a sua força e destreza conseguiram devolver ao mar o tesouro encontrado. Um dia regressariam para resgatá-lo - combinaram.
Durante esta luta, um dos Salteadores atirou uma tocha para o Barco Pirata da Armona e este  acabou por se afundar sem que os seus donos o conseguissem salvar - ardeu e afundou. Os Piratas da Armona atiraram-se ao mar e só pararam de nadar quando encontraram terra firme. Descobriram assim a Ilha Deserta e por lá ficaram até aos dias de hoje. O Barco Pirata da Armona, anos mais tarde, deu à costa e os habitantes da Ilha decidiram tirá-lo do mar e ali ficou, onde tu o vês... É esta a história daquele barco".

Mas tens a certeza que os Piratas da Armona vivem na Ilha Deserta? - perguntou o menino.
Tenho. Em noites de muito frio consigo ver a luz das fogueiras que fazem. - Respondeu o Pescador Barbas.
Tive uma ideia! - disse o menino. Vou escrever uma carta aos Piratas da Armona: informo-os de que o Barco que eles julgam perdido está aqui; peço-lhes para regressarem à Ilha, pois aqui é a sua verdadeira casa; digo-lhes que todos ajudaremos no que for preciso para recuperar o Barco Pirata da Armona. E assim foi, o menino escreveu a carta, enrolou-a com muito cuidado, colocou-a numa garrafa de vidro, fechou-a muito bem e atirou-a ao mar com esperança de que este a levasse até aos Piratas da Armona. Esperou. Esperou. E esperou... Até que um dia viu chegar ao cais dois homens muito altos, com chapéus imponentes e vistosos, com espadas brilhantes e com um papagaio muito falador. Correu até eles com o Pescador Barbas e, com a ajuda de todos os habitantes, recuperaram o Barco Pirata da Armona. Os Piratas da Armona regressaram definitivamente à sua terra e todos os anos, no mês de Agosto, recebiam a visita do Índio Pirata - alcunha carinhosa que atribuíram ao menino que tanto os ajudou.


Filho, é uma história da tua infância. Não vem em nenhum livro, a não ser no livro da tua vida, uma vez que contém pedaços de experiências nossas: passámos férias na Ilha da Armona; visitámos a Ilha Deserta; encantaste-te por um barco que ardeu há muito, mas do qual não sabemos a história; andámos de barco; o pai pescou muito; encontraste, juntamente com a prima, sítios secretos; vimos casas muito bonitas, mas também encontrámos algumas que precisavam de ser recuperadas (até sonhámos em comprar uma)... Em relação ao Pescador Barbas, foi para te apresentar logo a seguir o famoso Barbas do Benfica, já que andavas confuso relativamente à tua preferência clubística. Eu, influenciar-te!? Não, nem pensar, mas qual é o clube maior do mundo? Isso mesmo, é o Benfica.
Só um pormenor, meu amor: o cabelo ali da fotografia era teu, antes de eu lhe meter a tesoura... Desculpa.

Outras histórias nossas adaptadas e/ou inventadas:
- O menino que dizia NÃO a tudo
- O pombo que vivia na nossa varanda
- A viagem na carrinha do Pai Pirata
- Selena, a menina que se indignou com a Lua
- O menino que vestia livros

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