quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Às vezes não sou a mãe que ambiciono ser

Às vezes não sou a mãe que ambiciono ser. Nem ele o filho calmo e tranquilo que eu necessito que ele seja. Ele consegue acordar às 6h30m mesmo quando se deitou mais tarde do que o habitual na noite anterior. Ele consegue falar muito alto quando eu lhe peço para falar baixo. Ele tem energia para começar a martelar antes das 7 da manhã - vivemos num prédio, não o posso deixar fazer tal proeza. Consegue desobedecer a todas as instruções que lhe dou e a todos os pedidos que lhe faço. Consegue dizer-me que quer comer e que não quer comer 60 vezes em 30 segundos. Consegue chorar muito alto. Consegue desarrumar o quarto dele, o meu, a sala e a cozinha quase à velocidade da luz. Consegue pedir-me colo depois de me zangar. Consegue morder-me (novidade boa!). Consegue dizer que não gosta de mim... Nem sempre consegue tudo isto, menos ainda no mesmo dia, mas no fim de semana passado conseguiu. 
E eu... eu não consigo ver que estamos muito tempo só os dois, que não tenho tempo para brincar com ele como tinha, que estou a deixá-lo ver muita televisão (até aos dois anos, em casa, era muito raro ver televisão; agora sinto que precisamos de reduzir), que os nossos fins de semana têm sido medonhos, que ele tem saudades de ter o pai em casa mais tempo (vai ter no próximo fim de semana), que as rotinas se alteraram, que estou mais cansada e menos tolerante. Que chorei à frente dele quando ele estava a lamuriar: ele engoliu a lamuria; as lágrimas que estavam  à porta, recolheram-se intimidadas; abriu as janelas dos olhos e perguntou-me com um grande espanto, estás a chorar!? Sim filho, a mãe também chora. Depois abraçou-me. E no final do dia disse-me que eu era a melhor mãe do mundo. Eu também costumo dizer que ele é o melhor filho do mundo, que é a minha pessoa preferida, mas este fim de semana não me lembro de o ter dito.

Vou parar com as lamurias (as minhas) e interiorizar que é só uma fase. Logo, logo estará tudo mais equilibrado.

Apesar desta minha reflexão, de reconhecer alguns aspetos que quero mudar e de compreender que ele está a passar por várias mudanças/adaptações, não posso deixar de impor as regras que acho (mesmo) necessárias. Tento compreende-lo e ajudá-lo (ao mesmo tempo que procuro compreender-me e ajudar-me), mas há coisas que não posso (nem quero) permitir. É mais difícil, dá mais trabalho, mas sinto que é assim que o devo fazer. Se é certo ou errado? Para mim, por agora, é o certo.

Filho, digo-te muitas vezes que gosto sempre de ti, mesmo quando estou zangada. Este sempre de que falo é o "sempre" mais verdadeiro da minha existência, é um "sempre" por inteiro (e olha que eu fujo a sete pés do sempre e do nunca, do "para sempre" e do "nunca mais"). Um dia destes, disse-te que estava zangada contigo. Tu respondeste-me: não faz mal eu gosto sempre de ti. Acredito nisto, mini pessoa do meu coração, até quando dizes o contrário.

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