sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Grandes livros para pequenos leitores #15 - Coração de mãe para assinalar o teu 6.º aniversário

Querida sobrinha, porquê este livro?
Porque no dia 14 de Setembro comemorou-se o teu nascimento e o da tua mãe no sentido lato da palavra "mãe". Tal como aconteceu contigo, aquele dia foi apenas o primeiro do resto da sua vida: tu, a filha pequena que nasceu antes de tempo; ela, a mãe cansada de 3 semanas de internamento e desejosa por ser uma mãe com uma filha no colo em vez de ser uma mãe com uma filha no ventre, carregada de medos e de dúvidas. Ela estava cansada, queria tocar-te,  queria ver-te. Queria sentir a pessoa que viria a ser o bem mais precioso da sua vida.
Ela não fazia ideia o que é isso de ser mãe. Nem tu o que é isso de ser filha. Apesar de terem a vida toda para descobri-lo, nem sempre a descoberta tem sido feita da forma mais natural. A descoberta tem sido brusca. Muito brusca. Ela não sabia que ser mãe pode fazer de nós seres gigantes e seres pequenos; seres fortes e seres frágeis; seres seguros e seres vulneráveis; seres tão cansados e seres tão dinâmicos. Não sabia que ter um filho é ter sempre um ponto forte e ter sempre um ponto fraco. Não sabia que ia conhecer o melhor do ser humano (Tu) e o pior. Não fazia ideia que serias um pedaço de vida (o mais importante) a solo. É por isso que, tal como descreve este livro, o coração de mãe tem uma enorme capacidade de adaptação. Só assim se consegue sobreviver a oscilações tão bruscas de estados de espírito, de sentimentos e de emoções.
Ofereci-vos este livro, neste dia tão especial, para que nunca se esqueçam do papel que cada uma tem na vida da outra. Um livro para ler sempre: quando houver tristeza, quando houver alegria, quando houver zanga, quando houver harmonia, quando houver ira, quando houver paz, quando houver revolta... quando reinar o amor. Este, acredito, nunca faltará.
Parabéns meus amores.


Um livro do Planeta Tangerina. De Isabel Minhós Martins e Bernardo Carvalho.

Sobrinha,
- Uma história dedicada a ti em duas partes: aqui e aqui.
- Declaração de amor neste texto.
- É fácil falar sobre ti: és mesmo especial.

Por fim, uma questão pertinente: Já inseri este livro em inúmeras listas de prendas. De Natal, de aniversário, do dia da mãe, do dia comemorativo da unha do pé. Todas as listas possíveis e impossíveis. E, até à data, ainda não o tenho. Pessoas (mãe, namorado/marido, irmã), estão à espera de quê? Não vale fingir que não leram esta parte...

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

As férias de Verão do teu 3º ano de vida: Ilha da Armona

Falar das férias de Agosto em Setembro... Já foi há tanto tempo!
Dia 12 de Agosto, último dia de trabalho. Dia 13, dia de limpezas e de malas. Dia 14, saída de casa à 6 da manhã rumo ao Algarve, em direção à Ilha, com a mala carregada de boas intenções e de ilusões. Havia hipótese de correr tudo bem. 
O primeiro dia foi terrível, muito cansativo. Com (in)adaptações a uma casa cheia de gente e ao calor que se fazia sentir. Para além dos três lá de casa, a minha sobrinha, a minha mãe, um "tio-avô" (emprestado e dono da casa) e, mais tarde, a tia. Muita confusão. Muitas opiniões. Muitas formas de estar para uma casa tão pequena e para um período de tempo tão curto. Algumas desilusões vieram na mala de regresso, isto de tocar em feridas da infância durante discussões dos dias de hoje magoa. Mas... E a palavra "mas" pode ser terrível, no entanto também pode dar ênfase às coisas boas. E destas férias, só guardo as coisas boas que, por acaso, até foram muitas.
Ilha sem carros. Carrinhos de mão que nos ajudam no transporte das malas. Minutos de distância até à praia. Ir e vir sem a pressão das horas, só a dos apetites. Levantar da cama e sair para a rua. Ir ao pão pela manhã. Refeições na mesa do quintal; na Ilha é assim, acho que a maioria das pessoas come no quintal. Peixe que o pai foi buscar ao mar. Conquilhas e ameijoas apanhadas pelo pai. Grelhados à mesa na maioria das refeições. Banhos no chuveiro que está no quintal. Sempre. Cafés matinais sem pressa. Crianças a pintar a mesa de ardósia ou em cima da mota que ganha vida com uma moeda de cinquenta cêntimos. Água quente (não me lembro de apanhar água tão quente no Algarve). Descontração. Amigos de Verão. Cumprimentar pessoas desconhecidas que passam por nós nas passadeiras; até parecia que estava na colónia de férias da Praia das Maças, em Sintra (há tantos anos). Bolas de Berlim. Conversas descontraídas e espontâneas. Sestas demoradas. Quedas: perdi a conta ao número de vezes que o Índio Pirata caiu, trouxe um olho negro e "partiu" a cabeça, uma coisa superficial que nos pregou um susto. Descoberta de sítios secretos. Ir para a praia de manhã e voltar lá à tarde, às 17h, às 18h ou às 19h, tanto faz, vamos à praia à hora que nos apetece. Mergulhos. Construções na areia. Bolos e castelos. Barcos na areia, barcos no mar e histórias inventadas. Cabelos selvagens e pele com sabor a sal. Passeio de barco até à Ilha deserta, almoço à beira mar, café na ilha da Culatra, mergulhos numa água transparente, pés que correm na areia macia, risos e gargalhadas; este dia foi tão bom; foi neste dia que me despedi dos 39 anos. Almoço no dia seguinte num dos restaurantes da "nossa" Ilha da Armona, com vista para o oceano, onde cumprimentei os 40. Sorri-lhes sem medo. Não me pesam. Foi um dia feliz. Música ao vivo. Músicas conhecidas e em Português cantadas a uma só voz. Sangria. Brindes. Liberdade. Nascer do sol. Pôr do sol. Todos os dias a hipótese de testemunhar estas imagens.
A despedida: molhar os pés antes da derradeira viagem de barco, nostalgia no olhar, café na esplanada junto aos barcos, último passeio na mota, o adeus, a vontade de regressar, a saudade mesmo antes de partir. Eu e o Pirata fomos os últimos a sair da Ilha: a tia e a prima saíram no dia antes; o pai, a avó e o tio saíram da Ilha no barco do tio carregado de malas; nós apanhámos o barco que faz a travessia da Ilha até Olhão. No primeiro andar do barco, com ele ao meu colo, observamos o rasto que deixamos no mar e a ilha a minguar (cada vez mais pequena aos nossos olhos, devido à distância que ia aumentando; grande no nosso coração pelas recordações que nos deu). O balanço do barco, o canto do mar e o seu aconchego de sempre e para sempre (o meu colo) adormeceram-no. Cheguei a Olhão com ele ao colo a dormir. O resto, já se sabe: a viagem de regresso, o regresso à realidade.

O ano passado foi assim.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

As palavras que nunca te direi e as questões que nunca esclarecerás.

11 de Setembro do ano de 2016, o dia em que se comemorava o teu aniversário. Um Domingo, tal como há 11 anos atrás. Passaram 11 anos desde a última vez que falei contigo, que te vi respirar, que te beijei, que conversámos (com pouco interesse da tua parte) sobre o Benfica, que te segurei na cabeça enquanto tentavas deitar cá para fora o que o estômago não aceitava. Saí de lá, como tantas outras vezes, a pensar que era uma fase, um ciclo. Iria passar. 2 anos antes, num daqueles telefonemas da praxe de aniversário, informaste-me que tinhas recebido o diagnóstico de cancro no duodeno. Mas que porra de sítio foi esse para teres um cancro!? Estava zangada contigo há três anos. Lembras-te? Quando te comuniquei que tinha saído de casa com a minha irmã senti que me tinhas abandonado (mais uma vez) à minha própria sorte (ou à falta dela). Corria o ano de 2000, o ano em que se previa o fim do mundo. Para mim, foi mesmo o fim do mundo, pelo menos do mundo que eu conhecia e fantasiava até ali. O ano de 2000 foi terrível. O de 2005 não lhe ficou atrás. 
No dia 12 de Setembro de 2005, iniciava-se uma nova semana e, para tantos, novas oportunidades. Para ti não. Para mim, enquanto tua filha, também não. Para nós, nunca mais haveriam oportunidades. Partiste na tua última viagem sem te despedires de mim. Sem nunca falarmos sobre a tua ausência na minha vida. Sem um pedido de desculpas. Apesar de ter sido a minha mãe a pedir o divórcio quando eu tinha 2 anos, tu conseguiste pedir-lhe desculpa antes de ires; alguma culpa deves ter sentido. A mim não. Pergunto-me muitas vezes sobre o motivo pelo qual não me pediste desculpa. A verdade é que eu pergunto-me muitas coisas, muitas vezes. Gostaste de mim? Foste completamente louco por mim? Eu gostava tanto de ter sido a menina do papá... nunca senti que o fosse.
Durante os dois anos que separa o diagnóstico e a tua partida estivemos juntos muitas vezes. Visitei-te muitas vezes, fomos ao cinema pela primeira vez. O filme "O amor acontece" foi o que assistimos. Passou num qualquer canal no dia 11 de Setembro de 2016, quase como por magia, talvez para me fazer reflectir sobre o seu título. Parece simples: o amor acontece. Ou não. Será que aconteceu connosco. Quando? Como? Destes dois anos, lembro-me de uma visita em particular: estavas nos cuidados intensivos, estavas com frio e eu cheguei de tão longe e para ficar contigo tão pouco tempo, mas com a missão de te aconchegar. Nesse dia, não sei se me ouviste, pedi-te para ficares bem. Pedi-te duas coisas: queria ir contigo ao Estádio da Luz e queria que, um dia, levasses um filho meu à escola (recordação esta que não guardo de nós). Não pudeste satisfazer nenhum destes pedidos. Não sei bem como nem porquê, mas a verdade é que foi precisamente no dia 12 de Setembro de 2016, 11 anos depois de partires, que acompanhei o meu filho à escola pela primeira vez. Ele a saltitar de obstáculo em obstáculo, agarrado às mãos que prometem agarrá-lo sempre que for necessário: agarrado às mãos do pai e da mãe. Viste? 

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

De regresso à conversa do Jardim de Infância: É agora!

O meu amor pequenino vai para o Jardim de Infância (JI) na próxima semana.
Eu tinha tantas certezas acerca do que queria e do que não queria. Procurei o que mais se adequa às ideias que defendo e ao que posso pagar. Procurei um lugar que o faça sentir bem. Procurei pessoas que o tratem bem. Procurei um lugar que promova o ser criança nos tempos de criança. Encontrei um: distante da nossa casa, com a mensalidade no limite do que podemos pagar, com horário no limite do que podemos praticar, com um método pedagógico com que me identifico, com espaços amplos e iluminados, com espaço exterior. Inscrevi-o para reservar a vaga. Apesar de ir ver mais um espaço, já tinha decidido que era aquele que ele frequentaria a partir de Setembro. Aquela seria a sua primeira escola.

A vida não é uma linha direita, muito menos estática e nas curvas e contracurvas inesperadas sem sinal de aviso de perigo, a situação profissional do pai mudou. Não estamos a passar por dificuldades financeiras, desconfiamos até que vai correr tudo bem, mas os próximos meses (talvez o próximo ano) serão de moderação. Manter a opção inicial do JI seria arriscado (quase impossível). Tenho a sensação de que andaria numa corda, daquelas que fazem a travessia entre dois arranha-céus, em constante equilíbrio, com risco elevado de me estatelar lá em baixo. O dilema: e agora?
Voltar atrás na minha decisão não foi fácil. Trouxe discussões. Os argumentos de ser longe e de ser cansativo, para mim, só contemplavam o nosso bem estar, não o dele. Só o fator financeiro é que me levou (obrigou) a rever a decisão. E a alterá-la. Vamos pagar menos de metade da mensalidade. Nesta fase faz toda a diferença.
Afinal, ele frequentará uma IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social) próxima do meu trabalho. Gostei da educadora, mas não gostei do espaço. Ou melhor, não gostei do facto de não ter, por enquanto, um espaço exterior. A Instituição já iniciou a obra do que será o espaço exterior, mas não se sabe para quando a sua conclusão. Eu queria encontrar um lugar igual ao primeiro com uma mensalidade inferior. Isso é impossível, não há escolas iguais. A parte boa é que o JI é em frente ao parque infantil que costumamos frequentar, as crianças vão algumas vezes ao parque e eu, tal como já faço, posso ir buscá-lo e ficar no parque sem fazer qualquer desvio. Lentamente libertei-me da obsessão do primeiro Jardim de Infância, encontrei pontos favoráveis no segundo, habituei-me à ideia, comecei a sentir segurança na decisão (no início foi terrível).

Algumas reflexões acerca  das duas hipóteses:
- O JI que ele frequentará é próximo da nossa residência. Muito perto do meu trabalho. Posso ir levá-lo e buscá-lo a pé se for necessário. A Ama pode ir buscá-lo se for necessário, se quisermos e se ela puder. Não queria que ele deixasse de ter contacto com a Ama, queria continuidade em detrimento de uma mudança brusca. No outro JI, longe da nossa residência, era muito complicado promover/manter uma transição progressiva e esse contacto.
- Vai conviver com crianças que, certamente, irão com ele para a Escola Pública. Algumas crianças nossas conhecidas e amigos do "nosso" parque frequentam o JI que ele frequentará. Confesso que equacionei (ainda equaciono, muitas vezes) colocá-lo numa Escola privada durante o JI e o 1.º ciclo do ensino básico, mas as mensalidades são elevadas. Se equacionar ter mais filhos, será difícil manter esta intenção, pelo menos com base na situação atual. É claro que as coisas podem mudar. Eu até sou pessoa de viver o presente sem supostas condicionantes futuras (quando é comigo, claro), mas uma das coisas que me preocupa (preocupa q.b.; sei que, por vezes, as crianças adaptam-se com muita facilidade às mudanças) é não poder promover uma mudança progressiva: frequentar dois anos uma escola, mudá-lo para outra numa zona diferente, com cuidadores e colegas diferentes, com métodos pedagógicos distintos, por exemplo, não é o ideal. Na minha opinião, claro.
- A sala do JI que o receberá tem 15 crianças em vez das 21 do primeiro. Terá também uma Educadora e uma Auxiliar, mas para um número de crianças menor. Prefiro.
- No primeiro espaço só tínhamos reunido com a Psicóloga, só conheceríamos a Educadora no primeiro dia de JI. Neste, a reunião foi com a educadora. Ela perguntou-nos o que esperávamos do JI. A primeira resposta foi: Afeto, atenção e brincadeira. Só depois completei com a socialização, com a segurança, com a aprendizagem... Na verdade, eu quero o que todos querem: um sítio em que ele seja feliz. Temo o período de adaptação, confesso. Vou ter uma semana de férias para o acompanhar. Parece um desperdício, uma semana para ficar em casa, mas acho que é fundamental. Tendo esta possibilidade, vou aproveitá-la.
- Neste JI trabalham por projetos. Fiquei com dúvidas se os projetos partem de sugestões da educadora ou de interesses que as crianças revelam. Esta última opção, para mim, é a mais acertada.
Confesso que quando vi uma planificação semanal do primeiro JI, fiquei com algum receio: muitos espaços preenchidos com atividades pré-definidas e poucos retângulos com a opção "brincadeira livre", no entanto o método pedagógico é baseado no Movimento da Escola Moderna, o que me agrada.
- No primeiro JI, em algumas salas, as crianças dormem a sesta entre 1 hora a 1 hora e meia. Neste, todos dormem a sesta duas horas e meia. Não concordo. E as crianças que não têm necessidade de dormir tanto? Ficam deitadas a olhar para o teto?
- O primeiro tem psicóloga permanentemente. Do grupo do JI que o acolherá, faz parte um Centro de Dia, com o qual as crianças mantêm contacto estreito. Valorizo muito a promoção do respeito pelos mais velhos e pela diferença, bem como o contacto com realidades diferentes.

E é isto: um tem umas coisas que me agradam mais, outro tem outras. Às vezes ainda tenho dúvidas, mas sinto-me mais confiante. Falei com uma psicóloga com a qual trabalho, ela descansou-me: disse-me que eu saberei ler os sinais e perceber como ele se sente através do seu comportamento. Espero que sim.

Imagem retirada daqui.

Filho, meu amor pequeno e meu amor maior, vai seguro e feliz. Vai: vai descobrir mais um pouco deste mundo; vai brincar mais; vai aprender mais; vai ser mais. Vai, filho, não tenhas medo. Eu estou aqui, como sempre. Vai correr tudo bem. Eu tenho o poder de fazer acontecer o melhor para ti; tenho de o ter. Eu sou tua mãe.

Ideias sobre a escola pública e a escola privada: Ver aqui.
As primeiras dúvidas acerca da escolha do JI: Neste texto.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Olá Setembro de 2016

Olá Setembro. És pura comemoração pelos aniversários que em ti se celebram. Assim sendo, espero de ti festa e celebração. Até parece que ando sempre em festa... Há meses complicados e isto de me despedir e cumprimentar os meses desde há um ano, não me deixa iludir, mas também há meses que são, por excelência, muito bons.  Para mim, Setembro, és um bom mês. És o mês.

Imagem retirada da Internet: Fonte desconhecida

Em ti começa a caminhada de Outono (se bem que, dizem, serás um mês com temperaturas de Julho e de Agosto). Eu já tenho as botas para iniciar a caminhada de Outono, mas adapto-me com muita facilidade: posso muito bem deixar as botas para depois e manter os chinelos. 

Adeus meu querido mês de Agosto de 2016

Foste um bom mês. Foste o que aqui cumprimentei. E ainda mais.
Foste férias. Foste família. Foste paz. Foste força. Foste otimismo. Foste cumplicidade. Foste felicidade. Trouxeste-me os 40 com subtileza e serenidade. Tanta. Foste o mês em que me deu vontade de mudar tudo isto que é a nossa vida. A verdade é que muita coisa mudará em breve: o pai cá de casa vai mudar de trabalho, as rotinas vão sofrer alterações, esperam-nos adaptações. Esperamos melhorias a todos os níveis, ainda que no início contamos que seja complicado.
Durante as nossas férias, de que falarei depois, imaginámos como seria viver durante um ano na Ilha que nos colheu durante 15 dias em Agosto: o pai pescava, vendíamos peixe  - a venda de peixe seria a nossa única fonte de rendimento - partilharíamos os dias uns com os outros, experimentaríamos isso de viver juntos intensamente a tempo inteiro. Ficámos embriagados com as férias, completamente; sem a parte da ressaca. Depois, colocámos os pés no chão e alinhámos os pensamentos e os sonhos: há casa para pagar no sítio onde vivemos, há um projeto novo para iniciar, há o Inverno que, garantidamente, não nos permite tanta liberdade como o Verão (ao nível de andarmos sempre na rua), há o facto de não termos casa na Ilha. Apesar da nostalgia de nos despedirmos das férias, elas deram-nos força e confiança para enfrentar o que aí vem. E o que aí vem só pode ser bom. Adeus meu (literalmente) querido mês de Agosto.

O ano passado despedi-me de ti assim.