quinta-feira, 30 de junho de 2016

À conversa comigo mesma: mixórdia de ideias acerca de "escola privada vs escola pública"

És pela escola pública ou pela escola privada?
- Sou pela escola com qualidade. Acessível a todos.

Isso é vago.
- Defendo uma escola pública diferente da de hoje.

Mas existem escolas públicas que são melhores do que algumas privadas?
- Existem. E o contrário também é válido. Acho que a preocupação deve ser a melhoria contínua da escola pública: definir que aspetos podemos melhorar a curto e a longo prazo, definir etapas, arregaçar as mangas e deitar mãos à obra.

Então, atualmente, pode dizer-se que és pela escola privada?
- Sou pela qualidade que algumas escolas privadas disponibilizam. Algumas públicas também, no entanto são mais difíceis de encontrar.
Pessoalmente falando, por um lado, sinto dificuldades em encontrar a escola pública que idealizei, não a perfeita, mas uma que se aproxime da que idealizei; por outro, as escolas privadas que encontro têm mensalidades elevadas para mim. Encontrei uma que, talvez, esteja ali a meio do caminho.
Realço ainda que, independentemente de me identificar com algum Jardim de Infância público da minha área de residência (e tenho a sorte de me identificar com, pelo menos, 2; não me identifico com tudo, mas...), o facto de a maioria só garantir vaga aos 5 anos (no próximo ano letivo julgo que crianças com 4 anos já terão vagas) obriga-me a escolher um privado para o meu filho, que faz 3 anos no final de Setembro. Ou a esperar. Neste momento, para nós, esperar não é alternativa.

Julgo que querem garantir vagas no Ensino Público a partir dos 3 anos?
- Também ouvi dizer. E já se prepararam para isso? Aceitam crianças que usem fraldas aos três anos? E chucha? E que durmam a sesta? Estas questões são colocadas na ficha de inscrição/candidatura/matrícula? Se são, qual é o objetivo? Excluir alunos ou adaptar o espaço aos alunos que vão receber?

Pois, não sei.
- Nem eu.

Aquilo que tu consideras qualidade no ensino pode não o ser para outros? Concordas?
- Concordo. O que é qualidade para mim e para a minha família, para a nossa forma de estar na vida, para os nossos objetivos, para os valores que defendemos, não o será para outros. Isto da qualidade acaba, inevitavelmente, por ser subjetivo. Ainda há dias uma pessoa amiga me falava de um Jardim de Infância que tinha sido frequentado por alunos que tiveram notas muito acima da média. Para mim, é muito rígido, não me identifico com o método que praticam - lá está, o que é bom para mim não é bom para os outros e vice-versa.
No entanto, considero que temos de olhar para a maioria dos modelos de escola que temos e analisar, criticamente, os resultados: existem estudos que apoiam metodologias ditas alternativas; existem escolas com metodologias alternativas com bons resultados e dinâmicas mais interessantes para os alunos; existem educadores/professores que acreditam nas "novas metodologias", mas têm medo da mudança; existem alternativas ao aluno assimilador de conteúdos debitados por um "superior hierárquico".
Tendencialmente a criança deve ter um papel ativo no seu processo de aprendizagem, deve contribuir para a construção do seu conhecimento, deve atribuir significado ao que aprende. As diferenças entre as crianças devem ser respeitadas: as diferenças devem ser motores e não travões do desenvolvimento. O professor deve ser um mediador, um guia, um orientador e não um mero transmissor (isto também deve ser frustrante para o professor).
Seria interessante que localmente/regionalmente existissem apresentações periódicas das escolas públicas que cada local/região dispõe: quais os métodos pedagógicos que defendem, qual a forma de funcionamento e organização, quais são as suas prioridades, os valores que defendem, as formas de relacionamento com as famílias, o que esperam dos pais/cuidadores, como é organizado o dia a dia dentro de cada sala e da escola, etc. Quando procuramos uma escola privada, temos acesso a informação que nos é barrada na escola pública. Isso incomoda-me. Conheço muita gente que inscreveu os filhos na escola pública sem sequer a conhecer.

Logisticamente é difícil organizar essas apresentações de que falas.
- Nem que seja uma página de facebook criada e gerida por cada escola. Vou mais longe, cada professor devia efetuar a sua própria apresentação. Se na escola mais próxima da minha casa existir uma professora que trabalha de acordo com o método de ensino tradicional/transmissivo e uma que trabalha com base no Movimento da Escola Moderna (MEM), porque é que não posso ter acesso a essa informação atempadamente (antes de o inscrever) e optar?

E se todos quiserem a mesma professora que tu?
- Se todos quiserem a mesma professora (o mesmo método), a escola tem o dever de se adaptar. Ou não? Os professores aceitam aprender/investigar/conhecer o novo método eleito pela maioria, com apoios adequados às suas dificuldades.
A escola não é uma organização estática, ocorrem mudanças todos os dias: num dia temos apenas alunos portugueses numa determinada turma, no outro estamos a receber refugiados, na semana seguinte uma criança com uma necessidade específica e por aí adiante. O que é que fazemos perante este cenário? Mantemos tudo igual? Talvez fosse um passo para uma escola mais democrática.

Achas que um professor com 50 anos de idade deve adaptar-se às novas metodologias?
- Não são novas, "nós" é que andamos a ignorá-las há décadas. E não há tantos professores mais velhos que se adaptaram às novas tecnologias?
O professor de 50 anos se não tiver capacidade para se adaptar ao novo modelo (cá está, todos temos as nossas limitações), pode ser um óptimo contador de histórias, pode ajudar na resolução de alguns problemas de matemática, pode organizar, com os alunos, a biblioteca, pode ir com eles para a rua... E, muito importante, pode aprender muito.
Imaginemos 2 turmas do 1º ciclo do Ensino Básico, cada uma com o seu professor titular: o professor da turma A adora realizar atividades ao ar livre e tem um gosto especial pela atividade física; o professor da turma B tem um jeito (quase) inato para as artes plásticas e a sua área preferida é a Língua Portuguesa. Deixamos cada um destes professores com a sua própria turma, transmitindo aos alunos o que mais gosta e dando menos ênfase à área que menos lhe agrada? Ou sugere-se à professora da turma A que oriente uma atividade ao ar livre para as duas turmas e à professora da turma B que oriente uma aula de Expressão Plástica? Ao optar por esta hipótese, alunos e professores ficam a ganhar: os alunos têm oportunidade de experimentar o melhor de cada professor; cada professor tem oportunidade de experimentar áreas em que não se sente tão à vontade.
Julgo que as escolas, desde que apoiadas, aceitariam mudar para práticas mais democráticas, mais justas e mais agradáveis para todos.

Continuo com dúvidas relativamente ao facto de defenderes a escola pública.
- Não defendo a escola pública como ela é atualmente na maioria dos casos. Defendo que precisamos de uma grande mudança. Sou pelo ensino com qualidade e oportunidade para todos. Sou pela igualdade, pela inclusão, pelo respeito.
Achas que, defendendo a igualdade de direitos, me agrada que só alguns tenham acesso a um ensino de qualidade, pagando?
Achas que podemos ir todos na cantiga de que, quer se opte pela privada ou pela pública, ter bons professores é uma questão de sorte? Na privada, no extremo, não estando satisfeita, solicito mudança de turma ou mudo de escola - é necessário bom senso nestas decisões, claro.
Não é suposto que isto seja um jogo - uns perdem outros ganham - ou é?
É mais fácil definir/alterar/controlar práticas no público ou no privado? E porquê?
Se encontrar uma escola pública com um Método Pedagógico que me agrade, achas que vou optar por uma privada? Mesmo que queira, o mais provável é não conseguir suportar financeiramente a frequência numa escola privada. Uma coisa é defender "metodologias alternativas" e priorizar coisas que muitos não priorizam, outra, totalmente diferente, é achar que o que tanto procuro só deve existir no ensino privado, acessível a poucos. Sei que o encontro mais facilmente no privado, mas o que eu desejo mesmo é encontrá-lo no público. 

Então, defendes a escola pública?
- Defendo e desejo que a escola pública mude rapidamente. Quero o meu filho numa escola pública.

Ensinar não é uma receita, com ingredientes e quantidades específicos e insubstituíveis. Para o mesmo prato (assunto) a quantidade e variedade dos ingredientes pode mudar consoante o destinatário (alunos). O ensino deve ser adaptado às preferências, aptidões e necessidades de cada um. 
Imagem retirada daqui



Isto é apenas uma mixórdia de ideias minhas; é um debate de ideias comigo mesma. 

quinta-feira, 23 de junho de 2016

À conversa com o meu filho #8 - Medos

Entrou numa fase em que tem medos e verbaliza-os. Parece-me bem que os verbalize, mas às vezes exagera, faz aquele ar dramático que lhe é típico.
Ontem ouviu um cão ladrar e disse: tenho medo.
De quê, filho? - perguntei.
Do cão. - respondeu-me. 

Filho, o cão não sabe falar como nós, por isso ladra. O facto de ele ladrar não significa que esteja zangado. O cão ladra, o passarinho pia, o gato mia, o porco ronca.
Ele imita o porco e diz: o papá também.
Eu respondo: e tu também, só a mãe é que não ronca (haja o que houver, a mãe nunca ronca).

segunda-feira, 20 de junho de 2016

A brincar é que a gente (pequena) se entende #13 - Dia de aulas ao ar livre

"Estabelecer um dia por ano em que as crianças têm aulas ao ar livre é o desafio que Skip está a lançar em Portugal. Promover o contacto com a natureza e a aprendizagem experiencial são os objetivos". Li aqui (O Observador). Este movimento é lançado por uma marca e surge associado à campanha "É bom sujar-se". Pelos comentários que li, existem opiniões divergentes: uns enaltecem a marca, outros criticam a forma de fazer publicidade. 
É um movimento que pretende promover a aprendizagem experiencial e chamar a atenção para a importância da brincadeira ao ar livre; é um sinal de alerta para um problema real. Concordo e aplaudo iniciativas que nos alertam para problemáticas educacionais; esta é, na minha opinião, uma problemática que deve ser debatida e solucionada por todos.
Se gostava de ver este movimento lançado por uma marca e associado a uma campanha de publicidade?
Preferia que fosse uma entidade/um grupo com responsabilidade, intervenção direta e poder de decisão na área da Educação a fazê-lo. No entanto, se alguma coisa mudar, tanto me faz quem lançou o movimento. Há grupos a criar movimentos muito bons que não são publicitados devidamente; se isto servir para partilhar novas práticas e bons exemplos que nos façam evoluir, valerá a pena.
Não se descobriu, agora, que as crianças passam demasiado tempo em espaços fechados, sentadas e quietas. Esta ideia é defendida e debatida por várias entidades, grupos, pediatras, professores, educadores, pais, etc. O que é que se pode fazer? Mudar. Mudança é a palavra de ordem. Todos os contributos para a mudança almejada, incluindo este,  são bem-vindos.

Desejo (ou utopia) para o próximo ano letivo em todas as escolas: que se realize, pelo menos, uma vez por semana a aula-passeio que Célestin Freinet preconizava.

Imagino que há coisas divertidas que se podem fazer ao ar livre, fora da sala de aula:
- Fazer compras no mercado local, em pequenos grupos; identificar as notas; definir o valor que se pode gastar; efetuar compras de acordo com o limite definido; verificar se o troco está correto; registar as compras e os cálculos efetuados.
- Aprender os pontos cardeais no campo de futebol, desenhando-os no chão, criando um jogo que  leve as crianças a deslocarem-se de um ponto ao outro.
- Estudar árvores e flores observando-as ao vivo (não em fotografias); procurando a raiz, identificando o caule, as folhas e as flores; regando-as, etc.
- Caça ao tesouro no jardim que proporcione a leitura de instruções, a resolução de problemas e o trabalho em equipa.
- Descobrir seres vivos e não vivos na rua: passear com o objetivo de listar seres vivos e não vivos.
- Procurar texturas na rua: um papel e um lápis de carvão; colocar o papel numa superfície rugosa; riscar o papel com o lápis; observar o efeito. Procurar diferentes superfícies rugosas/diferentes efeitos.
- Falar de flutuação brincando com água e objetos diversos. Na rua.
- Saltar nas poças de água num dia de chuva.
- Ir para a rua num dia de sol. Marcar um ponto para uma criança se colocar; contornar a sua sombra no chão com um pau de giz; repetir a atividade em diferentes horários - por exemplo, às 9h, às 12h e às 16h; escrever nos desenhos de cada sombra o horário em que cada uma foi desenhada; discutir em grande grupo, com os alunos e professores sentados em roda à volta dos desenhos, as observações e os registos efetuados; registar conclusões. Responder à questão: porque é que a sombra não está sempre no mesmo sítio? Falar do movimento aparente do sol. Analisar as questões colocadas pelas crianças e realizar um projeto sobre uma delas...
- Um concerto ou uma peça de teatro num coreto, numa praceta ou no recreio para as restantes turmas da escola.
- Descobrir diferentes percursos de um determinado ponto a outro (ponto de partida e ponto de chegada definidos previamente): medir percursos na rua; discutir resultados;  debater a importância da medição; registar as conclusões/respostas.
- Ler uma história na relva do jardim da nossa terra.
- Alunos no chão do recreio com lápis de diferentes cores e uma cartolina. Uma sequência de músicas com ritmos diferentes. Instruir os alunos para desenharem emoções/sensações que a música lhes transmite. Podem desenhar-se riscos e rabiscos, círculos, paisagens, pessoas, rostos, palavras, etc. Não se limita a imaginação de cada aluno. A sequência de músicas pode ser substituída por uma sequência de sons da natureza.
- Brincar livremente na rua. Brincar muito.

Em criança brinquei muito assim:



Imagens daqui

Não sei se tudo o que se faz numa sala de aula pode ser feito na rua, com jogos e brincadeiras, mas existem muitos conteúdos em que ir para a rua, à procura da realidade, faz todo o sentido. A criança  atribui significado, com mais facilidade, aos conteúdos aprendidos quando estes se relacionam com a realidade que vive. Chamam-lhe aprendizagem significativa. Aprender com sentido faz-me sentido.

Constato também que muitas destas coisas podem ser feitas em família, fora do contexto escolar. 

Reflexões profundas (ou não) #22 - Ironias

Tanta gente a apregoar a bondade com megafones e efeitos especiais para o mundo inteiro ouvir, mas pratica-la, que é o mais importante, nada!
Gente que entrega os filhos à própria sorte apregoa, agora, cuidar bem dos filhos dos outros. Irónico, no mínimo.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Quando for grande quero uma escola que faça assim

Já fiz: Papel de cenário no chão; alunos no chão à volta do papel; silêncio; música; lápis na mão; desenhar ao ritmo da música. Também podiam desenhar deitados de barriga para baixo, de olhos vendados, deixando o lápis "dançar" ao ritmo da música. Mas isto, isto é outra coisa. 


segunda-feira, 13 de junho de 2016

Pessoas que me inspiram #3 - A filha que lhe nasceu com 11 anos

Há anos que tentava engravidar. Gravidezes não evolutivas. Abortos. Tentativas consecutivas frustradas. Perguntas e mais perguntas. Ausência de respostas. O ciclo de "Fé e esperança - ansiedade - concretização - frustração - desgosto" a repetir-se tantas vezes. O querer ser mãe. Viver a maternidade de outras. Iniciar o processo de adoção. Esperar. Esperar 4 anos. Esquecer-se de que estava "grávida" - a natureza deu-nos 9 meses para nos prepararmos, ela estava à espera há 48. O telefonema que lhe mudou a vida. O nervosismo e a ansiedade. O encontro. A filha que ela recebeu de braços abertos ciente das dificuldades que uma criança que sofreu maus tratos enfrenta. Uma criança que deixou para trás irmãos e uma instituição. Uma filha que lhe chegou com uma vida impressa de dor. Imprimir o amor, o amor que já lhe tem. A celebração do 11.º aniversário da filha. A filha que lhe chama mãe. Ela a ser mãe. Ela a ser filha. Finalmente: mãe e filha na mesma história, prontas para iniciar um novo capítulo e construir uma história feliz. 

Reflexões profundas (ou não) #21 - Como é que vou passar sem um feriado por semana?

Vou passar mal. Habituei-me a isto, apanhei um feriado municipal e dois nacionais que me permitiram trabalhar 4 dias/semana nas últimas 3 semanas. Estou capaz de iniciar uma petição para a redução de dias de trabalho por semana. 

quinta-feira, 9 de junho de 2016

É oficial, está aberta a época dos piqueniques.

Sejam bem-vindos!


Imagem retirada daqui


A única coisa errada nesta fotografia é a indumentária; ninguém vai para um piquenique assim tão aprumado. 

terça-feira, 7 de junho de 2016

Grandes livros para pequenos leitores #13 - Pedrito Coelho - Uma História de Inverno / A brincar é que a gente (pequena) se entende #12

Um coelho chamado Pedrito sai da toca para apanhar lenha num dia de Inverno. Encontra o primo Casimiro. Os dois decidem que brincar com a neve e descer no trenó é mais importante do que apanhar lenha. Encontram o Texugo Frederico Fedorento e a Senhora Rata Migalha que chora o desaparecimento dos filhotes. Pedem informações aos Coelhos Cavalheiros e ao Gato Guarda-Florestal. São perseguidos pela Senhora Raposa Matreira.  
Dois coelhos que se arriscam para procurar os ratinhos desaparecidos. Dois inimigos que optam por beber uma cerveja à mesma mesa em vez de travar uma luta. Uma mãe que se esquece de repreender o filho de tão feliz que fica por vê-lo bem. Uma toca acolhedora. Um bolo caseiro e um chá. Um final feliz.
"Uma aventura baseada nas histórias de Beatrix Potter que brinda os pequenos leitores com uma bonita árvore pop-up no final da história". E parece que é uma árvore de Natal. Não estamos em Dezembro, mas sempre ouvi dizer que Natal é quando um homem quer.
Adoro as ilustrações deste livro; o miúdo lá de casa adora a história. É da Civilização Editora.


Se vivesse num sítio em que a neve abundasse, a brincadeira que se seguia à leitura deste livro seria a descida de uma encosta num trenó, num dia de Inverno, claro. Como não vivo, vou procurar uma colina, deixo-o subir, incentivo-o a descer. Primeiro caminhando, depois correndo. Ah, lembrei-me que já fizemos isto: no sábado passado, num sítio com relva. Eu e ele.
Em contexto escolar, se fosse professora, faria o mesmo. Aproveitava e falava de planícies, de planaltos, de montanhas e de cordilheiras na rua. A propósito deste livro, também podíamos falar das estações do ano e fazer um bolo caseiro. Um bolo de ameixa. 

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Quando for grande quero uma escola que faça assim



Olá Junho de 2016

Cá estou eu a cumprimentar-te mais uma vez. Foste o primeiro mês que cumprimentei. Esta volta de "360º" passou depressa, mas cá estou eu a dar-te as boas-vindas.
És o mês da ilusão e da fantasia. É como se fossemos todos crianças novamente: és verão sem ser verão (pelo menos no início); és férias sem estarmos de férias; és festeiro, como se a vida fosse uma festa. Venha daí o que tens para nós, estamos prontos. 
O ano passado, quando te cumprimentei e quando me despedi de ti, não sabia se o voltaria a fazer (neste formato), mas habituei-me a cumprimentar e a despedir-me dos meses. O ano passado, no último dia do mês de Junho, passei também a despedir-me do primeiro semestre do ano e a dar as boas-vindas ao segundo. O ano passado foi uma comemoração familiar. Este ano será um acontecimento mais alargado: "picnic comunitário". Já temos sítio para a grelhada, espaço para as brincadeiras e dia marcado no calendário; temos de ir cedo para conseguir lugar; precisamos de bom tempo; temos piscinas insufláveis que ainda não decidimos se vamos utilizar; queremos uma arca para manter as bebidas frescas; cada um leva o que quiser. Juntamos tudo. Brindamos todos. E comemoramos a passagem de semestre... ainda que não seja no dia 30 de Junho (é dia de semana e, por enquanto, o dia 1 de Julho não é feriado. mas podia ser).
Peço-te, mais uma vez, passa devagar. Muito devagar.

Imagem retirada daqui

sexta-feira, 3 de junho de 2016

A brincar é que a gente (pequena) se entende #11 - Então e o dia da criança?

Saí de casa cedo com a minha mãe. Ela estacionou o carro perto do jardim. Meteu-me no carrinho para não me esgueirar. Pendurou o saco das fraldas e o saco dos baldes e das pás no meu carrinho. A minha mãe virou-se 2 segundos para fechar a porta do carro. Eu abanei o carro. Ele desceu o passeio. Meio salto mortal depois e estava com a testa na estrada. Eu a chorar. A minha mãe a hiperventilar. A minha mãe a tentar levantar o carro com os 500 quilos a mais que colocou em cima dele. Eu a chorar ainda mais. A minha mãe a tirar-me o cinto. A minha mãe a pegar-me ao colo e a acalmar-me. Eu com um galo na testa.

O jardim habitual cheio de gente. Os meus baloiços todos ocupados. Afinal existem aqui muitas crianças; só não vão ao parque tantas vezes como eu ou vão em horários diferentes. A minha mãe sempre com uma lupa a procurar vestígios de mim (do género, onde está o Wally). A minha avó a fazer o mesmo com a minha prima. Almoçar com os meus pais, avós e prima. Correr e limpar o chão do restaurante onde almoçamos, rastejando e gatinhando. Dormir a sesta na casa da avó com a minha prima. Acordar. "Piscinar" na piscina municipal que a minha avó comprou - desta vez exagerou mesmo; é preciso um dia inteiro para a encher com baldes; e para a despejar?; a opção foi a de enfiar duas piscinas mais pequenas lá dentro para chafurdarmos à vontade sem inundar a casa dos vizinhos. 

À noite, a minha prima ligou à minha mãe para fazer um resumo do dia e para lhe dizer que ficaram algumas coisas pendentes: saltar nos insufláveis e pintar a cara. Por mim, dispenso. Esperar em filas para me divertir? Esqueçam lá isso.

Foi um dia feliz, dormi a noite inteira sem chamar a minha mãe uma única vez. E assim começamos uma nova etapa... Pelo menos, a minha mãe pensa que sim.

Imagem retirada daqui

A piscina que a minha avó comprou é quase como esta. A "pequena" diferença é que ela não tem quintal, tem apenas um belo vão de escada sem janelas. Não, não é nada exagerada.

O ano passado foi assim.

À conversa com a minha sobrinha #3 - Eu, culpada me confesso / À conversa com o meu filho #7 - masculino vs feminino

Ela telefona-me do telemóvel da minha mãe. Conversamos, marcamos ponto de encontro e ela pergunta-me: não tens nada para me dizer!?
- Sim, minha princesa, hoje é dia da criança. Feliz Dia!!
- Já desejaste bom dia ao teu filho!?
- Sim, já - engasgo-me, olho para ele com ar de culpa e minto à miúda descaradamente.


Digo-lhe, como se estivesse a repetir o que "supostamente" já lhe tinha dito: Feliz dia da Criança, filho.
Ele percebe que estou ao telefone com a prima e diz-me empertigado: A pima* é criança. Eu sou crianço.

*Prima

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Adeus meu querido mês de Maio de 2016

Maio, maio, maio. Dia da mãe nos dois papeis: mãe e filha. Dia da minha irmã. Dia do meu afilhado. Mês em que era para ter sido mãe pela primeira vez. Mês em que iniciei este blogue. Já é a segunda vez que me despeço do ti.
E 366 dias depois (mais coisa menos coisa), este blogue é também um contador de anos, para além de guardador de recordações, de emoções, de momentos, de dedicatórias e de reflexões. Gosto, ainda bem que o fiz. Gosto de relembrar um bocadinho da história e continuar a escrevê-la.

À conversa com o meu filho #6 - Pensei que o miúdo podia vir a ser talhante, só que não...

Numa casa de madeira que existe no parque aqui da zona, o Índio Pirata simula que vende vacas e porcos. Pergunta-me: Mamã queres porcos ou vacas?
Respondo: Quero uma vaca.

Ele "dá-me" a vaca e eu "como-a" - eu sei que a minha atitude podia ter sido outra, mas só visualizei um bife de vaca à frente, possivelmente estava com fome... Peço desculpa.

Ele grita lá de cima: MÃE, NÃO COMAS, É UMA VACA.

Penso baixinho: exato.
.
.
.

Como é que lhe explico que ele come carne de vaca (não muitas vezes, mas come)? É desta que viro vegetariana. E não estou a brincar. Fiquei sensibilizada com isto, o que é que querem. Podia dar-me para pior.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Há dias...

...em que a única coisa que me apetece é conduzir estes dois. Num carro como este. Numa estrada como esta. Com uma paisagem como esta. Num mundo perfeito.

Imagem retirada do pinterest

Hoje é dia da criança. Não trabalho. É com eles que vou estar. Vamos brincar (mais do que o habitual). Será um bom dia. 
Há dias, e é triste escrevê-lo hoje, que tenho medo do mundo do qual fazemos parte. Tenho medo do que eles podem encontrar e do que o mundo (não) tem para lhes oferecer. Vou deixar de ler notícias, há dias em que sou esmagada por elas. 

Filho e sobrinha, pessoas pequeninas do meu coração, nada temam: vou à procura de casa para nós num outro planeta, está bem? Descobriram uns quantos recentemente que nos podem interessar. E valer.