quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Medos

Este texto é apenas uma reflexão sobre um dos meus medos.
Hoje, ouvi uma notícia acerca de Renato Seabra e acerca do que aconteceu no dia 7 de Janeiro de 2011. Pergunto-me: O que provocou tudo aquilo? Como é que uma mãe/um pai educa e prepara os filhos para evitar e prevenir situações como aquela ou similares? Como é que se prevê uma coisa daquelas?
Lembro-me de ter ficado muito impressionada quando ouvi as primeiras notícias sobre os acontecimentos, de fazer perguntas, de não alcançar nenhuma resposta. Mas, em Janeiro de 2011, eu não era mãe; não tinha tanto medo, apesar de ter questionado várias vezes "o que sentiria aquela mãe" .
Hoje, ouvi dizer (num comentário sobre o homicídio), com muita segurança e convicção, de que a sociedade tem que educar de forma diferente para os afetos e para a orientação sexual. Concordo, mas esta constatação não me dá garantias de nada, não aniquila os meus medos. Eu nem sei, talvez ninguém saiba, o que está na origem de tudo o que aconteceu. Foi algo relacionado com a orientação sexual? Com afetos?
Não vivo amedrontada, nem deixo que os medos que tenho condicionem a minha vida, mas tenho medos. Tenho medo que surja uma doença, tenho muito medo que a vida me tire o que de mais precioso me deu, tenho até dificuldades em verbalizar e escrever sobre estes medos (tenho medo de os atrair). E tenho medo disto, de um filho meu fazer algo muito errado... Lá está, não escrevo "medo de fazer algo igual" porque não imagino esta possibilidade; tudo o que faço é a pensar que estou a dar ferramentas ao meu filho para ele ser um bom ser humano, uma pessoa bem resolvida, com valores e convicções, com respeito por si e pelos outros (a mãe de Renato Seabra, possivelmente também o pensou). Educo-o com amor, mas sei que a possibilidade existe e é por isso que tenho medo. Também desconfio que ser uma boa ou má pessoa não é justificação para todas as boas ou más ações; existem fatores externos que não são previsíveis... Que educação lhe terá sido dada? Não sei. O que pensará/sentirá aquela mãe? Não sei. Terá falhado em alguma coisa (assim tão grave)? Não sei, possivelmente não. Poder-se-ia ter feito alguma coisa que alterasse aquele desfecho? Quem é que a deveria ter feito? Não sei. Certamente, ninguém saberá.
Tenho medo de falhar em coisas essenciais e importantes; existem diferentes formas de falhar (e, claro, todos falhamos), desde a mais básica e pouco prejudicial à mais inimaginável e destruidora. A forma de falhar a que me refiro é esta última, claro. Tenho medo porque nem tudo dependerá de mim; tenho medo porque posso não identificar tudo o que depende de mim. Talvez o facto de estar consciente de que tenho estes medos me ajude a enfrentá-los. 

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