quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

A brincar é que a gente (pequena) se entende #17 - Yoga em 2017. E a minha (falta de) vocação para trabalhos manuais e cortes de cabelo

Em 2017 vou pôr o miúdo a fazer Yoga. E o pai também. E até a mãe. Estamos a precisar de relaxar. 
Arranjo um quadro como este e penduro-o na sala. Depois é só seguir as instruções da mãe, ao som de uma música adequada, olhar para o quadro e reproduzir as imagens: agora, muito devagar, com movimentos suaves e refletidos, vamos tentar chegar à lua; imagina que és uma montanha; filho, quando a música começar, faz de barco; agora imita o cão. E quando chegar aquela parte em que lhe peço para fazer de leão, ele olha para mim, sorri e responde: mãe, eu já sou o leão quando acordo e me sento na cama a berrar por ti. 
Ainda não sei se nascemos para a prática de Yoga, mas parece-me uma excelente ideia para pôr em prática em 2017. Se acharem que esta ilustração não é adequada à vossa família, arranjem uma que seja. O "Yoga-jogo" até pode ser uma coisa divertida.

Imagem retirada daqui

Só uma pequena nota: ontem armei-me em cabeleireira e cortei o cabelo ao miúdo. Eu, que mal sei cortar as unhas. Um verdadeiro disparate, uma tristeza, o pior zig zag da (nossa) história, uma franja em formato de comboio a descarrilar, um cogumelo, daqueles que eu queria para a árvore de Natal, em cima da cabeça do miúdo. Temo ter um leão, versão Beatriz Costa, sentado na cama a berrar por mim. Bem, para dizer a verdade, ele acordar despenteado até favorece muito a coisa. Preciso mesmo de Yoga. Ou então de 1 Gin tónico (com pouca água tónica). 
Um agradecimento ao pai que não se passou comigo e que hoje de manhã foi à procura de um cabeleireiro para consertar a porcaria que eu fiz (eu, no lugar dele, "passava-me"). Pois, já sei, quem precisa de Yoga sou eu... Ainda não sei se nasci para Yoga, mas para cabeleireira não nasci de certeza.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Natal: gostei ou não gostei? Ganhou o "Gostei". E intenções para 2017!? Pois, não sei.

Este Natal gostei da nossa árvore de Natal pouco alinhada, mas cheia de coisas com significado. Gostei do abraço da minha avó no dia 24. Gostei da mesa cheia. Gostei da fantasia que encenei e da espécie de contagem decrescente que consegui concretizar. Gostei de completar o presépio e de ver o meu filho feliz com a chegada do Menino Jesus e dos 3 Reis Magos no dia 24 à noite. Gostei dos presentes que recebi. Gostei dos que ofereci (gostava de ter oferecido mais). Gostei de estar junto dos que mais amo. Gostei de ver a surpresa desenhada no rosto deles (filho e sobrinha) durante o desembrulhar de alguns presentes. Gostei das músicas de Natal que ouvimos em Dezembro (excepto a que a minha excelentíssima irmã pôs a tocar na noite do dia 24, a miúda é louca). Gostei de ajudar alguém, mesmo tendo sido uma ajuda pequena. Gostei de cada abraço do meu filho. E de cada beijo. Gostei de ver o meu filho brincar com todos os presentes que recebeu, apesar do número de presentes ser mais elevado do que o previsto - já sabíamos que iria receber muitos presentes, eu e o pai comprámos-lhe apenas um; ainda ficaram dois para abrir no dia de Reis, quando a árvore de Natal e o presépio se despedirem; ou para abrir noutro dia qualquer. Gostei de ter chegado a horas ao jantar de Natal. Gostei de não ter perdido muito tempo a enviar sms's de Natal (desculpem, mas estava mais preocupada em vivê-lo). Gostei da festa de Natal do meu filho. Gostei do 4.º Natal do meu filho.

Não gostei do frenesim das compras. Não gostei da quantidade industrial de doces, estupidamente deliciosos, a que me sujeitaram (na verdade até gostei, o problema é esse). Não gostei de constatar que a minha sobrinha já não acredita no Pai Natal. Não gostei de ir trabalhar no dia 26 de Dezembro. Não gostei de ver o miúdo a atirar-se às filhós antes do jantar de Natal (é Natal, mas...). Não gostei da separação que me tem sido imposta quase toda a vida: há sempre alguém que não está ou eu própria não estou onde deveria estar. Não gostei da saudade que senti de tempos que não voltam e de pessoas que não voltam. Não gostei das lágrimas da minha avó nem da culpa por estar pouco tempo com ela. Não gostei do vazio que o fim do Natal me deixou... nem dos quilos a mais que não levou.

Estou "perdida" no que respeita a intenções/objetivos/metas/planos para 2017, apesar de desconfiar que vai ser um excelente ano. Não tenho propriamente objetivos definidos, mas acredito no ano de 2017. Tenho um desejo, mas preciso de senti-lo com mais intensidade, com mais convicção, com mais certeza.
Relativamente a desejos para os outros, tenho muitos, mas há um que sobressai: a felicidade plena da minha irmã... também sinto que está para breve.
"Boas intenções há muitas, sua palerma. Venham lá as concretizações!" - respondo-me.

Descobri agora uma intenção para 2017: Regar com amor, no momento certo e na medida exata, o que me faz feliz.

Imagem retirada da Internet: fonte desconhecida

Na verdade, a intenção é preservar o que me faz feliz. E se possível acrescentar algo mais a essa felicidade.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

O nosso Calendário do Advento simplificado; votos de um Feliz Natal; uma história verdadeira de Natal.

O nosso calendário do Advento simplificado:

No dia 1 - acordámos com um cavalinho de madeira pendurado na cama. Trouxe com ele um recado do Pai Natal: é dia de fazer a árvore de Natal.
No Dia 2 - deixaram-nos um livro que fala, sem conservadorismos e com humor, do nascimento do Menino Jesus, dos Reis Magos e da prenda que o Pai Natal ofereceu ao Menino Jesus. 
No dia 3 - a madrinha trouxe-nos um convite para irmos ao circo. O meu coração dividiu-se: por um lado a alegria e a nostalgia em recordar o circo da minha infância no Coliseu de Lisboa (ia todos os anos através da empresa do meu pai); por outro a minha posição contra a existência de animais em contexto circense. Fui à procura, na página de facebook do circo, se tinham alguma coisa a escrever sobre este assunto. Encontrei o que procurava. Ainda assim, é algo que me incomoda. Mas fomos, ele gostou e eu gostei com ele. Viu leões, elefantes, cães, cavalos, palhaços, trapezistas, motas (novidade para mim). Quando questionado acerca da 1.ª ida ao circo, a resposta foi quase sempre a mesma: vi o elefante a fazer cocó e os senhores foram a correr limpar. E é isto: o animal sem privacidade e o meu filho, com tanta coisa para relatar/recordar, guardou esta imagem.
No dia 5 - sem ninguém pedir, encomendar ou desejar, fomos invadidos por um bando de pintas comichosas: Varicela.
No dia 12 - o pai Natal e os Elfos passaram lá por casa e deixaram um enfeite na nossa porta: uma árvore de Natal e um Pai Natal de madeira.
No dia 16 - recebemos um livro que fala do nascimento do Menino Jesus, este mais adequado à idade do miúdo, já que o outro teve de ser bastante resumido por nós.
No dia 17 - foi dia de separar brinquedos para oferecer a outras crianças. O primeiro "brinquedo" que ele escolheu para oferecer foi uma etiqueta de papel que estava na arca dos brinquedos: Mãe, olha, oferece isto... Isto vai lá, talvez demore mais tempo do que eu estava à espera, mas vai lá. Já decidi que vou dar muitos brinquedos sem o consentimento do miúdo, mas gostava que ele escolhesse, pelo menos, 1 ou 2. Temos até dia 22/23 de Dezembro.
No dia 18 - o objetivo era ir ver o Pai Natal ao Castelo de uma terra vizinha e ir ao Ikea comprar cadeiras (tinha tanta vontade de aproveitar a folga do pai, depois de várias semanas sem folga ao fim de semana, para fazer compras... nem imaginam!). Chegámos ao castelo com o miúdo a dormir. Rumámos ao Ikea e encontrámos o Pai Natal, mas o miúdo não quis conversas com ele. Que "passeio de Natal" tão sem sal. Valeu estarmos juntos! Foi dia de enfeitarmos uma árvore de Natal para a escola. Não correu como o planeado, uma vez que fiz quase tudo sozinha. Era suposto fazermos em conjunto: o miúdo ainda me ajudou numa pequeníssima parte logo no início; eu e o pai discutimos por causa de cola, algodão e papéis. Discussões matrimoniais normais, portanto.
No dia 19 - chegou-nos um recado de que iríamos receber gradualmente as figuras do  nosso primeiro presépio: hoje chegou o anjo e o cenário com a estrela. Ele chama-lhe espetáculo.
No dia 20 - chegou o pastor, chegaram as ovelhas e a árvore. Ele vai ser um dos pastores na festa de Natal, foi uma forma de valorizarmos a personagem e de nos envolvermos. O recado que nos deixaram diz que faltam 4 dias para a noite de Natal!
Ele diz que pode pedir dois brinquedos ao Pai Natal: quer um carro dos bombeiros do Mickey super rápido e um carro grande super rápido.
No dia 21 - neste primeiro dia de Inverno, chegou Maria e chegou José. O Pai Natal já sabe que ele vai ser o pastor. Depois de me ouvir ler o recado, disse para o papel: Pai Natal, quero ser o Rei Mago verde... dia de lhe explicar que nem sempre conseguimos o que queremos. Faltam 3 dias para a noite de Natal!
No dia 22 - foi a festa de Natal na escola. De manhã disse-lhe para se divertir na festa com os amigos, disse que iria vê-lo, beijei-o no rosto e saí para trabalhar a pensar que ele queria ser o Rei Mago - há umas semanas disse-me exatamente o contrário, que não queria ser o Rei Mago; agora acha-lhe graça por causa da vestimenta verde; adora a cor verde.
Na plateia esteve muita gente a aplaudi-lo: eu e o pai, os 3 avós, a prima, a madrinha e a tia (que não viram a sua atuação, mas estiveram lá) e o tio. Emocionei-me quando vi aquela "pessoinha" em cima do palco, quando o vi interagir com os seus pares, quando confirmei o seu jeito inquieto, quando o ouvi dizer o seu nome ao microfone sem vergonha, quando testemunhei a disponibilidade dele para dizer o nome dos amigos que estavam mais envergonhados, quando li nos seus lábios perguntar pela mamã (estava logo na segunda fila). Gostei tanto de ver o meu filho crescer mais um bocadinho.
Na ida para casa disse-me: temos de ver se o Pai Natal deixou alguma coisa do presépio. Gosto mesmo das encenações que fazemos alusivas a esta época. Faltam 2 dias para a noite de Natal!
No dia 23 - chegou a manjedoura do Menino Jesus de manhã. Dia de oferecer os brinquedos que separámos. Falta 1 dia para a noite de Natal.
De 24 para dia 25 - será Natal. Nascerá o Menino Jesus, ele encontra-lo-á no dia 25 de manhã com o cavalinho de pau debaixo da árvore (ou no dia 24 à noite na casa da avó, ainda não decidi). Nesta história, os três Reis Magos não se atrasam (não é possível protelar até ao dia 6 de Janeiro; dia 23 de manhã disse-me que estava farto de esperar...), chegarão com o Menino Jesus.

O nosso presépio:



Feliz Natal!
Este Natal, bem como o ano inteiro, desejo que todos tenhamos saúde amorpazharmonia alegria. É uma frase feita, mas acho que nunca a escrevi de forma tão sentida. Desejo para nós e para o mundo o que desejei o ano passado.
Temos o direito e o dever de aproveitar tudo o que temos. E a verdade é que tudo o que temos é muito!


Uma história verdadeira deste Natal que gostava de partilhar:
Uma pessoa com quem trabalho deixou-me um envelope com um postal de Natal no qual relata que este ano não oferecerá prendas a ninguém. O valor das prendas que ofereceria será para duas famílias carenciadas que ela acompanha e que necessitam bastante de ajuda. Quando for entregar o dinheiro/as prendas dirá que fui eu, a Maria, a Clara, a Madalena, o Pedro, a Helena, o José, o Daniel (nomes fictícios) que ofereceram.
Para além de lhe agradecer, para além de ficar sensibilizada e emocionada (choro por tudo e por nada, deve ser da época), respondi que quero contribuir com algo mais. Tal como eu, outras pessoas juntaram-se a esta causa. É o chamado efeito dominó: ela "empurrou" a primeira peça, as outras vão por arrasto.
Há pouco mais de um ano escrevi sobre um "pequeno projeto pessoal" que gostava de por em prática. Fiz algumas coisas, como contribuições específicas e pontuais em causas que me tocaram especialmente, mas não o fiz como queria. Quero mesmo fazer uma coisa com significado para mim e para alguém todos os meses no próximo ano. É uma das minhas intenções para 2017. Tenho a sensação de que 2017 vai ser um excelente ano! 

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Grandes livros para pequenos leitores #20 - O cavalinho de pau do Menino Jesus e outros contos de Natal

Queria um livro que falasse do Menino Jesus e do Pai Natal. Não queria escolher um em prejuízo do outro. Queria que ele associasse os dois à época Natalícia. Queria os dois nas histórias que recriamos nesta altura. Queria magia e fantasia.
Comprei este livro online. Li, antes de o comprar, que relata o nascimento de Jesus, o atraso dos Reis Magos e a escolha da prenda que o Pai Natal ofereceu ao Menino Jesus aquando do seu nascimento. Sabia que era uma história diferente, não só porque contemplava "os dois grandes protagonistas" do Natal no mesmo livro, mas também porque a escrita tinha um lado humorístico, bem disposto, leve, fresco, sem conservadorismos. Não tive oportunidade de folheá-lo antes de o comprar, mas não me desiludiu.
Gostei de algumas das reflexões do Menino Jesus ainda dentro da barriga da mãe; do atraso dos Reis Magos e da, consequente, impaciência da estrela perante a espera de suas majestades; da confusão do Pai Natal ao escolher um presente dos dias de hoje para um menino que nasceu há mais de 2000 anos, teve de ser a Mãe Natal a orientá-lo na escolha; do Menino Jesus escolher o cavalinho de pau em detrimento do ouro (para ele o cavalinho de pau tem mais significado). Eu gostei do livro. Ele também gostou, mas é um livro com muito texto e poucas imagens para a idade dele, com o relato de factos que ele desconhece (logo, não encontra a piada que eu encontro). Contei o resumo das três histórias, ele percebeu-as e relata-as como se estivesse a ensaiar a fluidez do discurso (gosto desta fase do miúdo; na verdade tenho gostado de todas, excetuando as birras).
Este livro é também um excelente ponto de partida para o presente que ele vai encontrar no dia 25 de manhã debaixo da nossa árvore de Natal: um cavalinho de pau. Abrimos as prendas no dia 24 à noite em grande grupo, mas gosto sempre de deixar uma para o dia 25 quando acordamos. Este ano é esta.


É um livro de Manuel António Pina, com ilustrações de Inês do Carmo, da Porto Editora.
Acho que é um excelente livro para realizar dramatizações alusivas à época (no 1º ciclo do Ensino Básico). Tem três histórias e várias personagens. Acho que é relativamente fácil incluir todos os alunos na história com participações equitativas (mesmo que se façam adaptações do texto).

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Adeus meu querido mês de Novembro e olá Dezembro de 2016

Novamente a fazer isto de uma vez só. Hoje é dia 15 de Dezembro e, para ser sincera, quase nem me lembro de Novembro. Não deve ter sido um mês muito mau, mas também não deve ter sido muito bom. Há uma coisa que espero ter conseguido em Novembro: ter iniciado um processo de paz.
Em relação a Dezembro, chegou com feriados, com o Índio Pirata cheio de pintas, febre, tosse e comichões (varicela mesmo), com gripe para os adultos e frio para todos. Ontem culminou com uma queda (minha). Parti uma cadeira e caí, literalmente, com o rabo no chão. Em minha defesa: a cadeira estava estragada, já foi colada 1327 vezes, estava mais do que na hora de ser reformada/reciclada. Temo que este Dezembro, com tudo isto, passe muito depressa.


Ou melhor: já estamos a meio de Dezembro novamente. Vou ali viver o que resta disto "à grande" e já volto. 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Teorias Pantomineiras

Há frases feitas que não compreendo, que não concordo e que me irritam. 

- Ter só um filho é quase o mesmo que não ter nenhum. 
Só podem estar a gozar: então todo o amor que se sente, as mudanças que sofremos, o prazer e a alegria que nos engrandece, a ocitocina que nos fortalece, o trabalho que temos, o coração que não reconhece limites de velocidade, a ansiedade de dar um abraço àquele filho único que se tem ao final do dia, a angústia que sentimos quando a dor que ele vai sentir ainda não lhe chegou, aquele acordar um segundo antes de ele se engasgar, o amor, porra, aquele amor inesgotável e incomparável não significa nada? Ter ou não ter é quase o mesmo? Como assim?

- Ter um filho ou ter dois é a mesma coisa.
Só tenho um, mas não me enganam. Uma mãe com mais do que um filho já me contou toda a verdade, quebrou esse pacto pantomineiro que algumas de vocês, mães de dois ou mais filhos, estabeleceram. Porque é que nos dizem isto?
Acordar durante a noite por um 5 vezes ou por dois 10 vezes é igual? Pagar creche para um ou para dois é a mesma coisa? Sair de casa com um ou com dois dá o mesmo trabalho? Comprar roupa para um ou para dois não altera o orçamento familiar em nada? Nem se dá pelo facto de termos em casa o dobro do número atual de birras, pois não? E as despesas de saúde (ainda que se contemplem apenas as consultas de rotina, vacinas, etc.)? E a disponibilidade que se tem para um é inalterável com a chegada do segundo? Nem vou falar da vida do casal, ainda estou a ver se sobrevivemos à existência de um filho... Sim, eu sei que o amor de um filho a dobrar deve ser do caraças. E eu gostava mesmo de ter um segundo filho (já desisti da ideia de ter 3, que tivesse sido mãe mais cedo). Mas, sejamos sinceros, nunca mais será a mesma coisa. Tenho cá para mim que não será a mesma coisa nem é suposto que seja. Talvez o problema seja o conceito de "quase o mesmo", "a mesma coisa", "quase igual"... Ou então, é só mesmo para nos enganarem.

Quando o miúdo nasceu, embriagada pelo amor e pelas hormonas, queria ter outro assim que fosse possível. Agora, ando de ano para ano a reestabelecer limites, com dúvidas, com mentalizações de que posso muito bem ficar-me por um. Quando me dizem que o segundo é mais fácil, que já sei ao que vou, penso: é mesmo por saber ao que vou que não me parece que seja mais fácil.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Grandes livros para pequenos leitores #19 - O livro negro das cores

Este livro permite aprender e transmitir a inclusão, simular realidades, criar empatia, "experimentar" a cegueira, refletir sobre este filme
Lembro-me de ter encontrado este livro na livraria Bulhosa (mais uma vez esta livraria, trabalhava lá perto, era o passeio da hora de almoço) e de o querer comprar imediatamente. O valor era superior ao plafond disponível e, na altura, contentei-me com a oportunidade de folheá-lo e de imaginar o que faria com ele em contexto escolar (isto aconteceu nos meus tempos áureos de estudante, estudante de 30 e poucos anos).
Mais tarde, fiz um trabalho em que referi este livro e a minha sugestão de atividades foi muito óbvia: vendar os olhos das crianças; ler o texto em voz alta ao mesmo tempo que as crianças folheiam as páginas desta relíquia; orientá-las para a descoberta das texturas, promovendo assim a associação do texto lido às texturas impressas no livro; estimular a imaginação levando-as a cenários hipotéticos. A história associa as cores a determinados cheiros, logo, efetuar a leitura com a possibilidade de as crianças experimentarem o aroma associado a cada cor descrita no livro seria uma mais valia. Seria perfeito se cada aluno tivesse o seu livro e a atividade/experiência fosse realizada com todos os alunos ao mesmo tempo.
Outras hipóteses: disponibilizar objetos, propor o manuseamento dos mesmos de olhos vendados, pedir às crianças para os descreverem, bem como a sua função; propor a deslocação na sala de aula com os olhos vendados de um determinado lugar a outro seguindo as instruções dadas pelo professor/pelos colegas; sentar as crianças em roda com os olhos vendados, apresentar uma sequência de sons - um carro a chegar, um comboio a apitar, a chuva a cair - e pedir para descreverem o lugar para onde são "levados" pelos sons; registar todas as dificuldades que as crianças vão sentindo. No final, em grande grupo, debater os obstáculos encontrados e as dificuldades sentidas e recolher ideias para melhorar o quotidiano de pessoas com deficiência visual. Tudo isto aconteceria no campo da simulação e da manipulação de realidades, mas poderia ser um ótimo ponto de partida para a compreensão das dificuldades que alguns sentem, para a inclusão, para o respeito pelo outro, para a aprendizagem da empatia. Este livro é maravilhoso por tudo o que pode representar, foi amor à primeira vista, à segunda, à terceira... É impossível ficar indiferente: um livro tão poético, que consegue transmitir a realidade (de alguns) com uma sensibilidade ímpar.


O Livro negro das cores é da Bruaá Editora, texto de Menena Cottin e ilustração de Rosana Faria. 

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Quero Ver (ou já vi): Helen Keller e o milagre Anne Sullivan

Há uma semana consegui um par de horas de "folga". Com algum barulho de fundo (as reclamações do miúdo), mas livre das habituais tarefas (banho, jantar, deitar) e com poucas interrupções. O sofá e o comando foram meus durante aquele tempo. O pai comandou o barco - vou reivindicar mais folgas como esta.
Procurei o documentário "o começo da vida" no youtube, enganei-me e coloquei na pesquisa "o milagre da vida". Nas 1001 opções listadas, apareceu-me este filme: 


O nome Helen Keller soava-me familiar, a imagem captou a minha atenção e acabei por pressionar o play quase involuntariamente. O filme começou e eu não o larguei mais, foi um daqueles encontros felizes e inesperados que nos prendem ao ecrã. O filme é forte, é complexo, é emotivo, é bonito. É intenso. É tanta coisa e ainda consegue ser uma lição.
É baseado na história verídica de Helen Keller que ficou cega, surda e muda antes dos dois anos de idade. Retrata o período da sua vida em que os pais, desesperados pela incapacidade que sentem em relação à sua educação e perante o comportamento agressivo da filha, procuram ajuda externa numa professora, que também ela foi cega. E aqui começa a montanha russa de sensações, emoções e questões.
Os pais que permitem que a filha faça tudo devido à sua condição. Os pais que sentem pena da filha. Os pais que não conseguem, sozinhos, estabelecer comunicação de forma eficaz com a filha. Os pais que premeiam com doces o comportamento agressivo da filha. Os pais que amam a filha.
Uma professora que chega decidida em pôr a pequena a comunicar, nem que para isso tenha de enfrentar e desafiar os pais, pondo em causa o seu desempenho. Que lhes pede/exige para ficar sozinha com a criança de 6/7 anos, sem permitir sequer visitas. Que questiona os seus métodos ou a ausência deles. Que me parece focada/obcecada num objetivo. Que põe em causa muitas correntes pedagógicas/ideias educacionais que tanto defendemos hoje. Uma professora que ama aquela criança.
Dou por mim a assentir o comportamento da professora no momento em que a criança lhe bate e ela retribui da mesma maneira; logo eu que tento excluir a palmada da educação que dou ao meu filho; logo eu que até repito a frase mais do que feita "comportamento gera comportamento". Dou por mim a não julgar a professora quando esta condiciona a proximidade entre filha e pais (ela considera que eles são um travão ao seu desenvolvimento); logo eu que defendo tanto que a escola e a família devem ter uma relação de proximidade. Tudo aquilo me parecia um tratamento de choque, com o qual eu discordo, no entanto os resultados surgem e a empatia com a professora aumenta. No final, fico com a certeza de que aquela professora amou muito Helen: acompanhou-a até ao fim dos seus dias. Não me parece que falar de métodos pedagógicos seja o mais importante quando se vê este filme, no imediato não pensei nisso, mas mais tarde sim, confrontei o que defendo com o que vi, consciente das adversidades da situação e do contexto.
É um filme de emoções fortes, que nos arranca lágrimas com muita facilidade, mexe connosco, põe em causa as nossas (as minhas, neste caso) convicções e espelha a capacidade que podemos ter para amar o próximo. Educar não será tarefa fácil para ninguém, mas só alguns conseguirão educar em determinados contextos. Claro que os tempos são outros, sabem-se mais coisas (às vezes), existem outros apoios (para alguns), a tecnologia evoluiu bastante, mas em jeito de conclusão só me ocorre pensar que todas as crianças (com ou sem deficiências; com ou sem dificuldades, financeiras incluídas; com ou sem limitações) deviam experimentar uma dedicação (por parte de educadores e professores) semelhante. E não, não estou a escrever que não existe, estou apenas a escrever que nem todos têm a possibilidade de experimentar isto. Nem todos necessitarão de uma dedicação igual à que Helen necessitou, mas todos necessitam de alguma.
Conheço um jovem que não pode frequentar a escola devido a uma doença oncológica; a escola em que ele está matriculado ainda não encontrou uma solução para ele fazer este ano letivo; estamos prestes a terminar o 1.º período; isto nos dias de hoje em que conseguimos, em tempo real, saber se está a chover no outro lado do mundo. Uma adolescente, com problemas cognitivos diagnosticados, tem apenas 1 hora de terapia da fala por semana. Um bebé de 19 meses que removeu um tumor parcialmente e que não vê; não conheço esta mãe, mas quando se fala da sua história tenho sempre vontade de a abraçar; sei que ela precisa de muito mais do que o meu abraço. Aposto que há professores  e técnicos no desemprego (e no ativo) capazes de se dedicarem a estes tipos de casos... Mas já sei, é tudo mais complexo do que estas simples e insignificantes palavras proferidas por quem não percebe nada do sistema, por quem não compreende a complexidade de pôr em prática a Intervenção Precoce em pleno, por quem não entende as equipas multidisciplinares. Sou uma básica, também já sei, não consigo alcançar tanta complexidade. Voltando ao filme, vale muito a pena.

Helen Keller pareceu-me familiar devido ao Centro Helen Keller: "a primeira escola portuguesa a integrar alunos com deficiência visual, fortemente ligada à evolução da Educação Especial no nosso país".

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Reflexões profundas (ou não) #29 - o crescimento: o meu enquanto mãe compradora, não o do miúdo

Nos últimos anos, quando entro numa loja (real ou virtual) o percurso principal é sempre o da secção de criança. A semana passada entrei numa loja online e comprei um vestido para mim - 12,50€ com 50% de desconto incluído; sou a rainha das promoções; em alguns sites só compro quando há promoções de 50%) . Atrelado ao vestido ainda veio uma fronha para o miúdo, mas só isso. Estou crescida, um dias destes ainda começo a sair à noite.

Ainda a propósito de roupas, ofereceram-lhe um conjunto de roupa, no aniversário, de uma marca que nunca comprei na vida. Uma camisa muito grande, com um padrão que não gostei muito, no valor de 49€!! Pensei de imediato trocá-la por umas 10 camisolas de algodão para o Inverno, vinha mesmo a calhar... Isso era se fosse numa das lojas em que costumo comprar roupa, naquela deu para duas e ainda tive de pagar a diferença -  ainda perguntei se podia converter aquele valor num "cartão oferta", para utilizar nos saldos, mas não foram na minha conversa. Ainda me falta (crescer) um bocadinho "assim" para compreender estas coisas (€). No entanto, ao nível do aproveitamento de promoções, o meu desempenho tem melhorado bastante. 

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Reflexões profundas (ou não) #28 - Árvore de Natal antes do dia de São Martinho?

Minha querida irmã, que fizeste a árvore de Natal antes do dia de São Martinho e que começaste a falar em presentes 2 meses antes do Natal, vamos ver quem é a última a desmanchar a dita árvore? Quem é que vai fazer render mais o peixe, quem é? Fevereiro? Março? Junho? Não me desafies. Estou preparada para a deixar na sala até ao Natal de 2017.
E mais: reza a história que o pai Natal deixa os presentes na árvore de Natal, no sapatinho, na chaminé, onde quer que seja, na noite de 24 para 25 de Dezembro. Não é suposto ires comprar os presentes com a tua miúda e quereres que ela acredite que o Pai Natal existe. O miúdo ontem chegou lá a casa com a conversa de que o Pai Natal trará o quartel dos bombeiros do Mickey; perguntei-lhe como é que ele sabia tal coisa; respondeu-me que a prima, num dos diálogos sérios e estridentes que têm às eufóricas segundas feiras (quando ele a vai buscar à escola), lhe contou. Agradecia que não estragasses a história do Pai Natal que enfiei na cabeça do miúdo o ano passado, na medida em que me deu algum trabalho. Mais um pouco e tenho de justificar que a prima foi eleita Elfa Ajudante do Pai Natal e que tem acesso a informação privilegiada e ultra secreta. Ou então suborná-la para que ela não lhe conte nada.
E para ajudar a festa, a minha mãe diz-me que a miúda já é crescida, que já não acredita no Pai Natal. A miúda acabou de fazer 6 anos, ainda o ano passado acreditava. Qual é o vosso problema? Não se lembram de tentar fazer este tipo de coisas?


quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Quando for grande quero uma escola que faça assim / A brincar é que a gente (pequena) se entende #16 - brincadeiras para fazer em casa

Vamos tentar fazer um barco de papel. Vou orientá-lo para a observação, para a descrição do que observa, para a experimentação.


Quantas cores pode ter um dia?


Pois, não deixo que comas isto... São corantes, filho.


Vamos fazer um cavalo marinho. Depois explico porquê.


Carimbos!!Quando eu era estudante, uma professora pediu-nos para realizarmos um trabalho com carimbos de batata e para elaborarmos um relatório com uma reflexão pessoal: não gosto de estragar comida para realizar trabalhos manuais, detesto estragar comida, muito menos por isto; choca-me que o façam nas escolas, há tantas alternativas - escrevi.


Fizemos o ano passado no dia de Natal, numa caixa de sapatos. Fizemos mais pontos de tinta e com mais variedade de cores numa folha A4 preta, colocámos dentro da caixa vários berlindes, tapámos a caixa, agitámos a caixa, retirámos a tampa e... Surpresa! Desta forma (no vídeo), exige uma maior atenção e concentração.


Gostei muito de encontrar este The Dad Lab

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Às vezes não sou a mãe que ambiciono ser

Às vezes não sou a mãe que ambiciono ser. Nem ele o filho calmo e tranquilo que eu necessito que ele seja. Ele consegue acordar às 6h30m mesmo quando se deitou mais tarde do que o habitual na noite anterior. Ele consegue falar muito alto quando eu lhe peço para falar baixo. Ele tem energia para começar a martelar antes das 7 da manhã - vivemos num prédio, não o posso deixar fazer tal proeza. Consegue desobedecer a todas as instruções que lhe dou e a todos os pedidos que lhe faço. Consegue dizer-me que quer comer e que não quer comer 60 vezes em 30 segundos. Consegue chorar muito alto. Consegue desarrumar o quarto dele, o meu, a sala e a cozinha quase à velocidade da luz. Consegue pedir-me colo depois de me zangar. Consegue morder-me (novidade boa!). Consegue dizer que não gosta de mim... Nem sempre consegue tudo isto, menos ainda no mesmo dia, mas no fim de semana passado conseguiu. 
E eu... eu não consigo ver que estamos muito tempo só os dois, que não tenho tempo para brincar com ele como tinha, que estou a deixá-lo ver muita televisão (até aos dois anos, em casa, era muito raro ver televisão; agora sinto que precisamos de reduzir), que os nossos fins de semana têm sido medonhos, que ele tem saudades de ter o pai em casa mais tempo (vai ter no próximo fim de semana), que as rotinas se alteraram, que estou mais cansada e menos tolerante. Que chorei à frente dele quando ele estava a lamuriar: ele engoliu a lamuria; as lágrimas que estavam  à porta, recolheram-se intimidadas; abriu as janelas dos olhos e perguntou-me com um grande espanto, estás a chorar!? Sim filho, a mãe também chora. Depois abraçou-me. E no final do dia disse-me que eu era a melhor mãe do mundo. Eu também costumo dizer que ele é o melhor filho do mundo, que é a minha pessoa preferida, mas este fim de semana não me lembro de o ter dito.

Vou parar com as lamurias (as minhas) e interiorizar que é só uma fase. Logo, logo estará tudo mais equilibrado.

Apesar desta minha reflexão, de reconhecer alguns aspetos que quero mudar e de compreender que ele está a passar por várias mudanças/adaptações, não posso deixar de impor as regras que acho (mesmo) necessárias. Tento compreende-lo e ajudá-lo (ao mesmo tempo que procuro compreender-me e ajudar-me), mas há coisas que não posso (nem quero) permitir. É mais difícil, dá mais trabalho, mas sinto que é assim que o devo fazer. Se é certo ou errado? Para mim, por agora, é o certo.

Filho, digo-te muitas vezes que gosto sempre de ti, mesmo quando estou zangada. Este sempre de que falo é o "sempre" mais verdadeiro da minha existência, é um "sempre" por inteiro (e olha que eu fujo a sete pés do sempre e do nunca, do "para sempre" e do "nunca mais"). Um dia destes, disse-te que estava zangada contigo. Tu respondeste-me: não faz mal eu gosto sempre de ti. Acredito nisto, mini pessoa do meu coração, até quando dizes o contrário.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Desejo de fim de ano: Calendário do advento

Este ano quero fazer o calendário do advento. Nunca fiz. Não quero fazer por obrigação, só porque defini que tenho de fazer uma coisa por dia... talvez altere o calendário de diário para semanal: todas as semanas uma coisa interessante para todos; uma contagem decrescente semanal.
Algumas coisas que gostava de fazer: 
Fazer um bolo com a prima;
Doar brinquedos (desejo muito isto, já ele...);
Escolher um jogo para a noite de Natal (jogo da cadeira? Construir um puzzle personalizado com a fotografia de todos...);
Comprar um livro de Natal (um, dois...)
Ir ao Teatro, a um concerto ou assistir a um espetáculo de Natal;
Ir à Serra da Estrela e fazer um boneco de neve (era tão bom, talvez para o ano). 



Mas por que raio não encontro calendários semanais? Estou intrigada com isto.

domingo, 13 de novembro de 2016

A brincar é que a gente (pequena) se entende #15 - Quando eu era pequenina...

Jogava ao berlinde,

Imagem retirada daqui
à macaca,
Imagem retirada daqui
ao jogo do eixo,

Imagem retirada daqui
saltava à corda,

Imagem retirada daqui
jogava ao pião,
Imagem retirada daqui

jogava ao elástico, aos polícias e ladrões (queria ser sempre ladrão), ao jogo da cadeira, brincava ao "não pisar a areia" - saltávamos das árvores para as estruturas dos baloiços, destas para os muros, sempre sem poder pôr um pé no chão; de quando em vez lá havia uma queda... E agora lembrei-me que, não seguindo bem esta linha de jogos tradicionais, também havia o jogo do bate pé (já sei, todos vós bateram muito o pé, não foi? Pois, eu também). Voltando aos jogos tradicionais, acho que vou iniciar o miúdo nestas andanças (não nas andanças do jogo do bate pé; ele não precisa de incentivo, acho que já nasceu a bater o pé). 

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Grandes livros para pequenos leitores #18 - Medo do Quê?

Todos temos medos, uns mais do que outros, uns lidam melhor com o medo do que outros. Eu tenho alguns, se bem que não é habitual serem impedimento para eu avançar. Penso neles, não finjo que não os sinto (aprendi há algum tempo que não vale a pena fazê-lo), mas não deixo que me condicionem. Aqui, "verbalizei" um dos meus medos. Escrevi aqui (com alguma ironia) sobre um dos medos que o meu filho tem. No texto "O mundo ao contrário" referi o medo que sinto quando o mundo lhe grita o contrário do que procuro transmitir-lhe todos os dias. E aqui falei do mundo que não sou capaz de lhe explicar. Se acrescentar o resultado das eleições de anteontem nos Estados Unidos e o que dele (do resultado) me assusta - a força que deram ao eleito, os que nele votaram e respetivos motivos, as (não) ideias, os preconceitos e os enredos - faz todo o sentido procurar inspiração neste livro. Este livro fala connosco, questiona-nos sobre os medos que sentimos e mostra-nos o bem que deles pode advir (ainda não consegui encontrar o lado positivo do resultado das eleições, desculpem; sou otimista, mas ainda tenho muito para aprender; como diria a tia do miúdo, estamos tram(p)ados).

Filho, tens medo do desconhecido?
Filho, tens medo do escuro?
Filho, tens medo da tempestade (no último parágrafo deste texto)?
Filho, tens medo de ser pequeno (a propósito de me dizeres que queres ser grande)?
...
Filho, tens medo do quê?


O livro diz-nos: o desconhecido é um mundo por explorar; no escuro nascem as estrelas; as tempestades revelam o teu porto de abrigo; ainda és pequeno, mas o importante é que tenhas um coração grande.
Queres ir à procura do lado bom do medo comigo? Sim, meu amor, eu também preciso de encontrá-lo. Vamos os dois!?

É um livro de Rodrigo Abril de Abreu, de 22 de Setembro de 2016, da Editorial Presença. 

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Reflexões profundas (ou não) #27 - Prendas de Natal!? Vocês não têm mais nada para fazer?

Começou a alienação das compras de Natal: "quero aproveitar a promoção xpto", "não quero deixar para Dezembro", "posso comprar um carro telecomandado?", "vou comprar o quartel do mickey".
Tenho a dizer-vos que ele só desembrulhou a prenda que lhe oferecemos no aniversário a semana passada. Que ainda tem duas prendas de aniversário, escondidas no roupeiro, para desembrulhar. Que ainda há muitos brinquedos lá em casa com ordem de despejo antes de outros entrarem. Que, como disse uma amiga minha, não queremos um mar de plástico no quarto do miúdo. Que era bem mais interessante juntarem-se e comprarem uma só prenda, uma que ele quisesse mesmo. Que podiam muito bem oferecer-nos bilhetes para o Cirque Du Soleil (eu sei que não estão a pensar em comprar prendas para nós, mas tinha de tentar); são caros para o nosso orçamento, mas, dizem, vale a pena (pode ser só uma ajuda, claro). É uma experiência que fica, ainda que ele tenha apenas 3 anos - eu e o pai já temos 40...

Também ficamos muito felizes com experiências como esta. E valorizamos isto... E se combinássemos um passeio de Natal? 

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Adeus meu querido mês de Outubro e olá Novembro de 2016

Este é um texto 2 em 1: despeço-me de Outubro e cumprimento Novembro de uma só vez. Os últimos dias de um e os primeiros de outro foram complicados: o pai ausente, cansaço acumulado, desorganização (custa-me o pai estar ausente, mas a desorganização é que me descontrola), muitas discussões, menos tempo de qualidade com ele. Ele a ressentir-se com isso e a manifestar-se. Eu com níveis de frustração muito elevados (não é habitual). A cereja no topo do bolo: chegar a casa depois de um dia de trabalho com ele pela mão e muito cansado (depois de muitos dias turbulentos), convincente de que naquele dia tudo correria bem, faríamos tudo com calma, jantaríamos, brincaríamos, ele adormeceria cedo e tranquilo, eu teria tempo para fazer tudo com tranquilidade... quando chegámos não tínhamos água. Reorganizar tudo, regressar a casa da avó para banhos e jantares, voltar a casa para dormir e uma noite difícil. Já é a terceira vez que, estando ele muito cansado, acorda a chorar, aos gritos. Mantém-se assim durante 10/15 minutos. Acho que não acorda, mas nada o consola. O Sábado de manhã foi complicado, mas o fim de semana acabou bem.
Os dias estão mais pequenos, mas já decidimos que mesmo assim passaremos no parque de vez em quando. Temos passado os fins de semanas em casa, mas ele tem brincado muito (eu estou a precisar de sair). A semana passada não tinha nada em casa, até o leite acabou, mas fiz compras online no sábado e fizeram a entrega no domingo. Preparei o prato do almoço de sábado para ele com todo o cuidado e entornei-o; sorte a nossa, havia mais na panela. O chão de casa estava nojento, mas entre a lavagem dos quartos durante o dia de ontem, a lavagem do hall hoje às 3h30 da manhã (deu-me para isto quando o pus a fazer chichi) e a cozinha hoje de manhã, ficou bem melhor. A máquina de secar avariou, mas consegui aproveitar o sol de domingo, secar a roupa e orientá-la, de maneira a evitar pegar no ferro todos os dias de manhã à pressa. Tem chovido muito, mas já compramos as botas de borracha. As botas de borracha estão grandes, mas ele arrancou-lhes as etiquetas e achou que elas são o sítio indicado para arrumar os carrinhos. O pé há de crescer. O pai diz que não estão assim tão grandes. Sinto-me mais calma. Só preciso de ter tudo organizado, nunca precisei tanto disto.

Imagem retirada da Internet: Fonte desconhecida

Depois da tempestade de Outubro espero pela bonança de Novembro. Espero que tudo volte ao seu lugar, ao lugar certo.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A brincar é que a gente (pequena) se entende #14 - Ir ao teatro sem sair de casa...

Quero uma área específica lá em casa para atividades de "faz de conta" e representação dramática. Quero uma arca para guardar roupas e adereços e ter um espaço para "teatrarmos" sempre que nos apetecer. 

A arca é fácil de arranjar, temos uma cheia de brinquedos para dar; não ficará vazia por muito tempo. 
Em relação ao teatro, pensei no teatro de fantoches - temos uns fantoches de dedo que ofereceram ao miúdo pequeno lá de casa com muito potencial. Compro um cortinado/tecido preto ou às riscas e coloco-o na porta do quarto do miúdo (até pode ser num daqueles varões dos cortinados da casa de banho que são extensíveis; não sei se encontrarei um tão pequeno) / pendurado no teto / ou no varão do cortinado da janela; recorto um quadrado a uma altura razoável para a criança fazer as suas dramatizações... mas que dê também para mim (de joelhos, eventualmente); coloco-lhe umas bandeirolas; ensaiamos; enviamos convites; preparamos o espaço para o nosso público; fixamos um valor para os bilhetes (já estou a pensar na vertente monetária); apresentamos a nossa dramatização; todos gostam, todos batem palmas (não há outra hipótese); repetimos a brincadeira com ou sem plateia. Brincamos. Fazemos de conta. E lembrei-me, agora, que seria divertido fazer isto na Noite de Natal.











  
Há outros exemplos interessantes: teatro de sombras, teatro de caixa (já fiz um numa caixa, com a sala às escuras, apenas com um candeeiro a incidir sobre a caixa; deu muito trabalho, mas valeu a pena). 



Imagens retiradas da Internet: Fonte desconhecida

O do cortinado parece-me fácil de preparar (eu não sou propriamente uma pessoa com vocação para os trabalhos manuais), de guardar/arrumar e reutilizar. E assim podemos ir ao teatro muitas vezes sem sair de casa... mas também o podemos levar para a rua e pendurá-lo numa árvore. Já me estou a imaginar a chegar ao parque aqui da zona com um cortinado e umas cordas debaixo do braço para montar o teatro na rua.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Grandes livros para pequenos leitores #17 - Os três primeiros livros que requisitámos na Biblioteca

Desde há um ano/um ano e meio que vamos à Biblioteca. No Inverno vamos mais vezes, no Verão gostamos mais de apanhar ar no jardim ou no parque. Sempre que passamos perto da Biblioteca, ele liga o pisca na sua direção. A semana passada fomos aos CTT e no caminho encontra-mo-nos com ela. Entrámos. Ele gosta do espaço pela quantidade de livros, mas principalmente pela casa de madeira, pelos colchões no chão e pelo crocodilo de pano gigante que lá habita - ele desarruma e folheia livros, mas acho que a casinha de madeira é a sua perdição. Pela primeira vez requisitámos livros. Três. Como temos um prazo para os devolver (avisei-o de que os livros não são nossos) quando decidimos ler um, lemos todos. Ele pede sempre para lermos os três por uma ordem específica.

1 - O primeiro livro que ele pede para ler é sempre este:


A mãe e o Hugo fazem muitas coisas juntos, mas um dia a mãe tem coisas para fazer sozinha (telefonemas, responder a e-mails; já vivi este filme na primeira pessoa) e o Hugo tem de arranjar algo divertido para fazer sozinho. E arranja: prepara uma surpresa. Julgo que ele se identifica com os acontecimentos relatados neste livro, talvez por isso seja sempre o primeiro que ele pede para ler. Chama-lhe "Gosto de brincar com a mãe".
A Mamã e Eu é o título do livro, é de Emma Chichester Clark, da Editora Caminho.

2 - Adorei encontrar/conhecer o segundo livro. Se a escolha do primeiro livro requisitado na Biblioteca tivesse sido planeada,  não tinha sido tão assertiva.


Um coelho que adora livros. Um coelho que entra em casa das pessoas às escondidas para ler os seus livros. Um coelho que começa a desviar/roubar livros. Um Coelho Ladrão de Livros que é apanhado em flagrante. Uma hipótese de o Coelho Ladrão de Livros se reabilitar. Como? Incutindo-lhe o hábito de requisitar livros na Biblioteca. E devolvê-los. É uma história muito divertida e mais que adequada à explicação de que temos de estimar e devolver estes livros.
Procura-se Ralfy, o Coelho Ladrão de Livros, um livro de Emily Mackenzie, da Editora Minutos de Leitura.

3 - O terceiro livro é especial. Muito.


"O Baltasar era o melhor urso violinista do mundo. Chamavam-lhe Baltasar, o Grande! 
Um dia, é libertado do circo e inicia uma longa viagem. Diz adeus aos velhos amigos, visita novos lugares e faz novos amigos também. Mas a viagem é longa e os dias estão cada vez mais frios... Conseguirá o Baltasar encontrar o caminho até casa?"
O livro tem pouco texto, as imagens quase que nem precisam dele. Foi conseguido o equilíbrio entre o (pouco) texto necessário e as ilustrações apresentadas. As ilustrações são maravilhosas. É um livro que fala do direito dos animais viverem livremente. Fala de despedidas, de caminhos, de procura e de reencontros. Fala do reencontro com a família. E quando chegamos à ultima página, em que o Baltasar está no seu Habitat natural com os seus familiares ele diz:
- Aqui está o pai - apontando para o maior e mais gordo urso que aparece na imagem; pena aquele "ursinho" usar um biquíni, sinal de que deve ser a mãe; mas a intenção é boa, o pai é que é o grande e o... gordo lá de casa.
- Aqui está a mãe - apontando para o urso mais elegante. Boa, filho!
- Aqui está o Baltazar e a irmã - up´s, falta a irmã. Pode ser a prima?
- Aqui estão os avós, os tios, as primas... as professoras e as Carmos... Esbocei um sorriso enorme quando ele disse isto. Ele está a incluir naquela página, que representa a sua família, a educadora e a Ama. Ele deve achar que todos têm uma professora e uma Carmo (Ama) e que elas devem ser parte integrante da família.
Baltasar, o Grande, um livro de Kirsten Sims, da Editora Orfeu Mini.

Foram estes os três primeiros livros que requisitámos. E agora temos um problema: gostávamos mesmo de ter estes livros na nossa prateleira... Eu sabia que isto de requisitar livros tinha um lado bom e um lado mau: o lado bom existe porque temos acesso a mais histórias; o lado menos bom existe porque não nos contentamos em ficar com elas apenas 15 dias.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Pessoas que me inspiram #6 - O pai

O pai. Escrevo sobre um pai, mas não um pai qualquer. Escrevo sobre o pai que todos deviam ter.

Ele entra com ar sério, apressado e pouco frágil para obter informações acerca de tratamentos de Fisioterapia para o filho: depressão, perda de peso brusca, falta de força... Ninguém sabe o que o filho tem ao certo. Marcamos consulta. Ele não sabe se o filho virá à consulta. Olho-o nos olhos e afirmo que vou marcar a consulta, afirmo que ele virá, como se conhecesse o filho deste pai e tivesse certeza de que ele viria. Não conheço nem tenho a certeza, mas tenho uma grande vontade que ele venha àquela consulta - porque no fundo do olhar vivo e forte do pai vi fragilidade; os filhos são mesmo o nosso ponto mais forte e o nosso ponto mais fraco. Ele vem à consulta. A médica desconfia de uma doença que há uns anos seria mortal; hoje, mesmo não tendo cura, não o é. A ansiedade por realizar os exames. A vontade e a crença de que a médica esteja errada. O medo de ela estar certa. Uma força de toda a equipa na recuperação deste utente, mesmo sem saber o diagnóstico - o resultado demorou a sair. O pai que começou também a fazer Fisioterapia (às vezes penso que ele forçou uma lesão só para estar mais próximo do filho). A força no nosso sorriso e nas palavras tímidas que receamos ser intrusivas. A nossa fé. O estado de espírito do filho com altos e baixos. A firmeza do pai. O companheirismo do pai. A dura certeza do pai de que a suspeita da médica está certa. A crença do filho que não. O resultado positivo. O céu que lhes caiu em cima durante a travessia de uma ponte - estavam juntos quando receberam a notícia. Imagino o medo e a revolta (não, não imagino). O reencontro com eles depois do resultado, um abraço sincero e dois beijos de amizade (não de uma amizade de sempre, possivelmente nem para sempre, mas sincera; o bem querer é sincero desde o primeiro minuto). O pai com ideias que se atropelam, que procura alternativas, que morre de medo, mas que não desiste. O pai que entra dois minutos depois de sair com 3 escovas na mão só porque a Fisioterapeuta lhe disse que essa é uma boa ferramenta para treinar a sensibilidade em casa; ele queria a opinião dela. Um gesto tão simples que diz tanto: ajudar e apoiar sempre o filho, do aspeto mais básico ao mais complexo. O sorriso dele por se sentir importante na recuperação do filho. O orgulho no filho. Quase que vejo uma criança obstinada a lutar por algo que quer muito. Só que ele quer sempre e sempre mais. Nada nem ninguém o demove. Ele quer o melhor para o filho e luta por isso. Eu vejo-o claramente. Este é o pai que todos deviam ter!

Ouvimos falar muito de escuta ativa e de atenção plena para com os nosso filhos... não sei se devido à maternidade, constato que a minha atenção plena e escuta ativa melhoraram muito, não só para o meu filho, mas para o mundo em geral. E para as pessoas que realmente merecem e são exemplos a seguir. Gosto desta (minha) capacidade recente. 

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Quero Ver (ou já vi): Quando sinto que já sei

Uma questão que este documentário coloca: Se um médico do início do século XX (com formação do início do século XX) entrar numa sala de cirurgia do século XXI, conseguirá operar? Pois, parece-me bem que não. Então, porque é que teimam em formar professores que vão lecionar em salas de aula do século XXI com metodologias do século XIX? Podemos começar por questionar se o papel da criança do século XIX é igual ao do Século XXI - digo eu que percebo pouco disto.

Também podemos questionar se, com as novas tecnologias, faz sentido que a sala de aula seja apenas aquele quadrado físico - o mundo, sim, deve ser a sala de aula; se faz sentido que a disposição de muitas das salas de aula de hoje promova o trabalho individual; e o que significa um ensino transmissivo e a hierarquia de papéis numa sala de aula numa sociedade democrática. Sei que existem escolas que priorizam, cada vez, metodologias ativas em que a criança tem uma voz e um papel ativos, só lamento que não sejam todas. Também sei (li num artigo publicado na revista Visão há alguns anos) que alguns professores têm medo da mudança, têm medo de não conseguir. E aqui lamento ainda mais, é porque não se sentem apoiados.

Será que algum dia conseguiremos construir uma escola tão boa, tão alegre que os alunos e professores queiram frequentá-la aos sábados, domingos e feriados? Em cooperação com as famílias - acrescento eu que quero dias só para nós. Julgo que a questão é colocada para nos fazer refletir sobre os motivos pelos quais muitas crianças não se sentem bem na escola, não gostam das vivências na escola. 

Um filme de Antonio Sagrado Lovato, Raul Perez e Anderson Lima, apresentado por Despertar Filmes em 2014. Com a participação de José Pacheco, um dos mentores da Escola da Ponte.


Trailer:


Passou uma "Grande Reportagem" na SIC recentemente, "A Escola, o Futuro e o 9º H", que ainda não vi. Mas quero ver. 

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Uma tia a destruir Histórias de Encantar desde 2016

E essa tia não sou eu. É a minha excelentíssima irmã.
Já tinha referido aqui que há versões de histórias da minha infância que não conto ao meu filho como me contaram a mim, pelo menos por enquanto. No caso concreto da História do Capuchinho Vermelho, aquela parte em que o lobo mau come a avozinha, o caçador lhe abre a barriga e a velhinha salta cá para fora não é contada por mim desta maneira... até porque encontrei um vídeo antigo, em que a avozinha se esconde do lobo mau no roupeiro. Assim sendo, adotei esta versão ao leque de histórias que lhe conto e o assunto ficou resolvido. Mas o miúdo tem uma tia. Tia essa que um certo dia para o adormecer, não acertando em nenhuma história que o miúdo conhecia, lhe falou de Biologia... Venceu-o pelo cansaço, claro, e ele acabou por adormecer. Esta semana, enquanto eu travava uma dura batalha com um dos lobos maus que apareceram no meu caminho, a rica tia da minha criança deu-lhe banho. E contou-lhe uma história. E que história? A do Capuchinho Vermelho, claro. E que versão? Aquela em que o lobo mau sofre uma cirurgia à barriga: sai a avozinha e entram pedras da calçada, claro. Obrigada tia, por preparares o miúdo tão bem para a parte menos boa deste mundo... Pensando bem... deixa-o crescer mais um bocadinho. A mãe agradece.

Lobo Mau, com esta tia não te escapas. Olha bem o tamanho das pedras.


Pesa-te a barriga, não é? E a consciência?

Imagens retiradas da Internet: Fonte desconhecida

Por aqui se vê: a tia escolheu ser professora, mas tinha mais jeito para Medicina... área da cirurgia, talvez. Bem que lhe disseram muitas vezes "vai para a área da saúde", mas é teimosa.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

E não escrevo mais nada acerca do Jardim de Infância...

... até ter um novo motivo para o fazer.
O primeiro dia foi no dia 12 de Setembro de 2016. Planeei um dia tranquilo, em que tomaríamos o pequeno almoço calmamente, em que não me chatearia com nada, em que fotografaríamos o momento para mais tarde recordar. Claro que não foi nada disto que aconteceu: houve nervos da minha parte, houve atrasos, houve stress, houve uma birra descomunal, pensei até que iria dar-lhe uma palmada (descontrolo completo), houve lágrimas. Até dores no peito senti. Não foi, decididamente, um bom dia para ser o 1.º de escola. Pelo motivo de que falei aqui, eu estava muito sensível (triste mesmo). Quando a minha irmã me perguntou: Sabes o que não é suposto fazer num primeiro dia de aulas? - a minha sobrinha entrou no 1.º ano do 1.º ciclo do Ensino Básico -, respondi: sei, foi precisamente isso que eu fiz. Não sei se por solidariedade, ela sentiu o mesmo, deve ser de família. 
Tirei uma semana de férias para a adaptação e tive muita disponibilidade para me dedicar ao meu filho nesta nova etapa. 

Os primeiros dias:
Ficou sem chorar no primeiro dia; agarrou-me o rosto, deu-me um beijo e lá foi ele sem chorar. Fiquei espantada, claro. Quando cheguei, uma hora e meia depois, chorou quando me viu. 
No segundo dia ficou num pranto, gritou "mamã, só mais um abracinho" quando o deixei no colo da auxiliar. Saí de lá num pranto. Quando cheguei, uma hora e meia depois, estava feliz, correu para me abraçar, mas sem qualquer tristeza. 
No terceiro e no quarto dias ainda chorou quando o deixei, mas encontrei-o sempre bem quando o fui buscar; já almoçou na escola. No quinto dia, houve um beicinho, mas nada de choro. Na semana seguinte, segunda feira não dormiu na escola, mas a partir de terça-feira passou a dormir com os amigos. 


O que é que eu sinto?
Sinto-o bem. Quando chego ao final da tarde, ele não tem pressa em despedir-se de quem lá fica, embora fique feliz por me ver. Fala de algumas coisas que acontecem na escola, no entanto ainda não relata de forma espontânea os acontecimentos. Canta algumas músicas. Vai ao jardim e ao parque. Melhorou a capacidade de descrever: conta-nos histórias. Apanhei o pai a chorar quando, numa destas noites, o nosso miúdo trocou o papel de ouvinte de histórias pelo de contador de histórias. Apaixonou-se perdidamente por jogos (lego, puzzle, dominó). Tem ginástica e música. No entanto, ainda diz muitas vezes que não quer ir para a escola, diz que quer ficar comigo e com o pai - devemos ser muito fixes, o miúdo prefere-nos à animação da escola... 
Na escola sempre dormiu sem fralda - desde as férias, em Agosto, que dorme a sesta sem fralda, demos continuidade à prática. Descuidou-se 3 ou 4 vezes na escola, ficou sempre muito preocupado, mas o acontecimento sempre foi desvalorizado pela educadora e pela auxiliar - tínhamos conversado acerca deste assunto e disse-lhes claramente que nunca ralhei com ele por causa dos descuidos. Peço-lhe para não andar aflito muito tempo porque lhe faz mal, mas não ralho; para mim não faz sentido ralhar nesta situação, menos ainda quando isso acontece durante a sesta. Não sei o que aconteceu, mas depois do último descuido durante a hora da sesta ele disse-me que não queria ir mais à escola, que a educadora estava zangada. Sentei-me ao nível dele, disse-lhe que a educadora me tinha dito, mas que não estava zangada; reforcei que não há qualquer problema, acontece; disse-lhe que já tinha lençóis lavados na mala para o dia seguinte; o pai relatou à educadora o receio dele e ela tranquilizou-o. Julgo que viu a educadora atrapalhada num dia em que houve muitos descuidos. Eu... Eu escutei-o, não ignorei o seu receio, mas não o enfatizei. Conversámos sobre o assunto, emiti a minha opinião e, julgo, o assunto ficou resolvido na cabeça dele. Ainda estou a aprender o meu papel neste trio: mãe/filho/educadora ou pais/criança/escola.
Há semanas que andava a dizer que não queria a fralda da noite. É verdade que a fralda, algumas vezes, estava praticamente seca de manhã; outras, nem por isso. Sexta feira passada ele insistiu e eu assenti. Aguentou a noite inteira, fez chichi na cama por volta das 7 da manhã, acordou aflito, mas tudo bem. Disse-lhe que tinha conseguido ficar muito tempo sem fazer chichi. Desde então, tem dormido sem fralda. A meio da noite levanto-o para fazer chichi, ele nem acorda. No próximo fim de semana vou deixar de o fazer. 

Se sinto arrependimento em relação à minha escolha?
Não foi bem uma escolha. Teve de ser. Continuo a espreitar o facebook da escola que foi a minha primeira opção. Continuo a identificar-me com o que lá praticam. Há coisas que são feitas na escola do meu filho que eu faria de forma diferente. Pergunto-me muitas vezes se mudará de escola no próximo ano. 
Penso muitas vezes que é bem possível que eu tenha tirado a licenciatura em Educação Básica só para ter um papel mais ativo na educação do meu filho; há coisas que considero fundamentais que se não forem feitas na escola que ele frequenta, serão feitas comigo. Lembro-me de há uns anos me terem falado no ensino doméstico e eu ter achado a ideia mais estapafúrdia de sempre. Hoje, não sei se vou tão longe, mas estou inclinada para o meio termo (que não é bem meio porque eu trabalho a tempo inteiro). Hoje vou a uma reunião como encarregada de educação pela primeira vez. Por agora, continuamos assim. 

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Olá Outubro de 2016

Nem sei o que te diga, Outubro. Sabes que estás na minha lista negra há algum tempo. Este ano, como só estou a cumprimentar-te ao dia 18 (digo-te já que, por mim, podias ter apenas 3 ou 4 dias), vou dividir-te em quinzenas: a 1.ª quinzena, tirando o dia 15 de Outubro, escapou; ao 3º dia da 2.ª quinzena, já não te posso ver. Mais uma vez, tenho pressa em despedir-me de ti. Por mim, isto era já o cumprimento e o Adeus, mas ainda faltam 13 dias. Sendo que um deles é o das Bruxas. Para não variar, estas tipas apareceram mais cedo.


Em Outubro vou tentar:
- Ginasticar, se bem que: por um lado, já faço muitas caminhadas do meu quarto para o do miúdo; por outro, agora até vou a pé para o trabalho. Vou considerar que esta é uma tentativa concretizada com sucesso. Afinal, já estamos a dia 18.
- Pisar folhas à maluca com o meu filho sem ser apanhada pela senhora que as varre e que com elas constrói montes no jardim da nossa terra. Dá mesmo vontade de começar ao pontapé e espalhar tudo pelo chão... É que o chão fica tão bonito coberto de folhas... Não, não é por ter vontade de pontapear ninguém. Eu sou uma pessoa muito pacífica. 
- Não sei muito bem o que é aquilo ali na terceira imagem: à primeira vista pareciam castanhas; agora parece-me um cacau quente com qualquer coisa... Pronto, vou assumir que um dos objetivos do mês de Outubro é não me encher de porcarias comestíveis. Nem de porcarias de espécie alguma. E ir ao oftalmologista.
- Ter uma bicicleta por perto para fugir quando a conversa não me agradar ou quando encontrar pessoas que podiam muito bem viver em Marte (desculpem lá, habitantes de Marte, mas parecem-me bem mais evoluídos emocionalmente para lidar com determinadas "não espécies" de humanos).  

Outubro! Outubro, ainda aí estás!?

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Adeus meu querido mês de Setembro de 2016

Já estamos a 17 de Outubro e ainda não me despedi de ti. Foste bom. Foste um mês de começos e recomeços. Foste um mês de festas simples, mas com muito significado e com sentido. Foste a soma de comemorações, de alegrias e de amor. Os meus amores no estado puro fizeram anos. O pai aqui de casa também (falta falar de dois livros para assinalar a sua entrada nos 40). O meu pai também. 
Um acontecimento triste: Juntou-se ao meu pai uma das pessoas de que falei aqui. Também com cancro. Com menos 1 ano do que eu e com dois filhos. Senti uma profunda injustiça nesta morte (como em quase todas). E se fosse eu/podia ser eu - penso. E choro. E lamento. Lamento muito. Ela lutou muito, sofreu muito. Foi filha de uma mãe de cancro e perdeu-a para esse terrorista que ninguém consegue deter. Agora, no papel de mãe, também foi vencida. Porquê tanto sofrimento e tanta luta em vão? 

Adeus meu querido mês de Setembro de 2016, no próximo ano quero ver-te bem e cheio de razões para sermos felizes, como sempre. Sem acontecimentos tristes. 

Grandes livros para pequenos leitores #16 - Adivinha quanto eu gosto de ti para assinalar o teu 3.º aniversário

Este livro para falar do teu terceiro ano de vida. E também de amor. Ao longo desta história, as lebres, a grande e a pequena, vão procurando formas de dizer o quanto gostam uma da outra, como se fosse um jogo em que o objetivo é demonstrar que o amor de uma é maior do que o da outra. Se no início o tamanho do amor é a altura de cada uma das lebres, no final já é do tamanho de uma ida e volta à lua. O amor que te sinto, tal como o relatado neste livro, também tem sido crescente. Cada vez que penso que não é possível gostar mais do que gosto, descubro que sim: é possível e acontece todos os dias. Talvez porque vou descobrindo mais de ti. E também mais de mim. Tu cresces, eu cresço e o amor, inevitavelmente, cresce.
No último ano deixaste a chucha. Passaste a dormir no teu quarto e na tua cama. Só usas fralda à noite. Abandonaste a tua cadeira de refeição e passaste a sentar-te à mesa numa cadeira igual à nossa. Enriqueceste o teu vocabulário, o poder de argumentação e a capacidade para exprimires o que sentes. Fizemos muitas horas de parque: passaste a subir os escorregas e as casas de madeira do parque sem ajuda. Foi o teu primeiro dia de escola. Eu fiz 40 anos e o pai também. Aperfeiçoaste a arte de fazer birras e as artes em geral. Comeste o teu primeiro gelado. Começaste a ver televisão com mais frequência, se bem que vamos reduzir este consumo. A Heidi já foi a tua animação preferida; agora, as aventuras do Peter Pan e do Pirata Jake dominam. Pelo meio, também gostas do Pedrito Coelho (dormes com um coelho que tem este nome) e da Patrulha Pata. Descobriste as cores: a cor amarela foi a primeira que identificaste com convicção; depois, foste identificando as outras sem ser ao acaso; ao verde, chamas-lhe a cor da relva e é a tua preferida; baralhas-te com o facto de preferires a cor verde e seres do Benfica em que o vermelho domina. Já te expliquei, meu amor, que uma coisa é a tua cor preferida outra é o teu clube preferido. Neste tema não há cá democracias (mentira, claro, mas...), somos todos Benfiquistas, compreendido? E por falar em futebol, neste último ano Portugal foi campeão Europeu pela primeira vez. Fizemos férias, pela primeira vez, com a prima. Foi tão bom. Por tudo isto e por muito mais, este teu último ano foi forte em crescimento, em aprendizagem, em descobertas. E por isso, também em amor.


Filho, adivinha quanto eu gosto de ti. Não sabes!? Eu também não, mas uma coisa eu sei: é impossível quantificar! As palavras que conheço são poucas e redutoras para descrever isto de te amar, isto de amar um filho, mas uma coisa eu sei: amo-te quando dormes e quando acordas, quando estás feliz e quando estás triste, quando fazes malandrices, quando te vejo brincar sozinho e quando te oiço falar com os teus amigos imaginários, quando te abraço, quando nos olhamos nos olhos, quando ralho e quando elogio, quando fazes birras e quando me contrarias, quando cantas, quando corres e quando cais, quando és simpático e quando és antipático... Amo-te sempre, cada vez mais. :)

É um livro de Sam McBratney, com ilustrações de Anita Jeram, da Editora Caminho. Agora, só quero encontrar a coleção de 4 volumes de "Adivinha quanto eu gosto de ti" na Primavera, no Verão, no Outono e no Inverno. Já tinha escrito sobre a compra deste livro aqui. Quando compro dois livros no mesmo dia (não acontece muitas vezes), ele inclina-se por um e só mais tarde "descobre" o outro. Com este foi assim. Hoje, ele já vai à prateleira buscá-lo para eu lho ler. Pelo meio da leitura, imitamos as lebres.

O ano passado escrevi-te esta carta. Hoje, infelizmente, não posso dizer-te que o mundo onde te fiz nascer vai bem. Mas eu tenho esperança. Tenho fé. Tenho confiança. Vou continuar a fazer pequenas coisas (o que posso e o que sei, sei que posso fazer mais), com esperança que se reflitam num mundo melhor para nós.
Quero dizer-te que não há poder nem dinheiro nenhum deste mundo que valham o desrespeito pelos outros, apesar de muitos considerarem que sim. Ignora-os, filho. Coloca-os na prateleira de exemplos a não seguir. Não há nada melhor do que viver em paz connosco e com os outros; com conhecidos e com desconhecidos; com a família, com os amigos e com o mundo. O mundo tem gente boa, muita. Aprende com eles. Eu também procuro aprender.
Desejo que sejas feliz. Desejo que sejas uma pessoa boa. Hoje e sempre.

Carta escrita ao meu filho por ocasião do seu 3.º aniversário.