terça-feira, 30 de junho de 2015

Então, assim sendo, boa passagem de semestre!

Não estamos a comemorar o segundo semestre de escola, até porque ninguém anda a estudar. Nem de gravidez, até porque não há segundo semestre de gravidez e eu não estou grávida. Estamos sim a comemorar o fim do primeiro semestre do ano e o início do segundo. Vou começar a comemorar a passagem de semestre. Vou tentar encontrar mais motivos para comemorar, para sair, para beber um copo, para brindar. Não é que eu não tenha bons motivos para comemorar, porque tenho, e muitos. Mas quero comemorar mais a vida. Quando não houver motivo, invento.
Então, assim sendo, boa passagem de semestre e até para o semestre que vem. Feliz segundo semestre de 2015.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

A idade do "O qué ito?" e outras coisas

O que é isto? - é o que ele quer dizer. E pergunta isto por tudo e por nada, mesmo em relação às coisas que sabe muito bem o que são. 
Bebe água e diz "É bom!".
Mantém os óculos de sol na cara porque o pai diz para irem os dois de óculos e ele lá fica sem se mexer para não caírem.
Faz birras, valha-nos Deus, como faz birras. Depois de ter estado doente e, consequentemente, ter tido mais mimo e mais colo, faz birras e diz não a tudo. Ele acorda durante a noite e diz "Não", passo-lhe a mão pela cabeça e ele adormece novamente (não sei se chega a acordar, mas que diz NÃO, diz). 
Desarruma a casa toda em 3 segundos. 
Estamos cansados. Ele ficou bem, eu e o pai ficámos doentes. Bem que desejámos estar doentes no lugar dele. 

Um beijinho para passar o dói-dói

Filho, estiveste doente. A primeira gastroenterite, com febre atrelada e borbulhas em todo o corpo para encerrar o quadro (é sinal que a gastroenterite passou). 3 idas ao médico depois e estás bom.
Desejei que um beijo meu na tua testa fizesse diminuir a temperatura, que o meu colo afastasse o teu mau estar e que o bem que te quero abatesse vírus ou bactérias. Não foi suficiente, foram muitos dias com febre.
O meu beijo mágico faz passar o dói-dói do dedo, do pé ou da mão, quando desengonçado e apressado bates em algum lado, mas este bicho deu luta. Mas já está, já o aniquilámos. Ontem de manhã acordaste às 6 e tal da manhã, pediste o leitito, voltaste ao normal. Voltaste bebé!

sábado, 27 de junho de 2015

O menino que dizia NÃO a tudo

Era uma vez um menino muito traquina, brincalhão e teimoso. Chamava-se Índio Pirata, Índio da parte da mãe, Pirata da parte do pai. Era bem disposto e alinhava nas brincadeiras dos pais com muita facilidade, mas tinha a mania de dizer NÃO a tudo. Até mesmo às coisas que queria dizer SIM, ele dizia NÃO. Era muito teimoso.
Um dia, o QUERO passou a acompanhá-lo e o NÃO QUERO passou a ser o conjunto de palavras mais ouvido. Os pais, ao início, acharam graça, acharam que era uma forma de o Índio Pirata se impor e mostrar que tinha vontade própria, no entanto, com o passar do tempo, começaram a achar que o menino iria perder muito se continuasse a utilizar o NÃO QUERO indiscriminadamente. Começaram então a engendrar um plano para o fazer acabar com aquela mania. 
Começaram por lhe perguntar coisas que sabiam, à partida, que ele não queria, tais como:
Queres mudar a fralda?
Queres dormir?
Queres beber água?
A resposta era sempre a mesma, NÃO QUERO.
Passado algum tempo, perguntaram-lhe se queria ir ao parque. Ele, embalado pelo NÃO QUERO, pronunciou-o mesmo querendo ir. Os pais assumiram, então, o NÃO QUERO como uma verdade e não foram ao parque. É claro que o Índio Pirata queria ir ao parque; ele adorava empoleirar-se no baloiço, correr descalço e brincar com a areia; mas como tinha dito NÃO QUERO, estava em casa. Os pais acharam que ele tinha de aprender que quando dizia NÃO QUERO era mesmo porque não queria.
O menino estava triste, olhava para a rua através da janela e continuava a falar do parque, da areia e do balde. Os pais resolveram conversar com ele, explicando-lhe o motivo pelo qual não tinham ido ao parque, dizendo-lhe que tinha sido ele próprio a decidir que não queria ir ao parque. O Índio Pirata, depois de ouvir atentamente a explicação dos pais, gritou um QUERO tão alto que até os cães do vizinho começaram a ladrar, o vizinho sensível que estava a dormir acordou e o gato da vizinha do segundo andar saltou para a varanda da do primeiro. Os pais perguntaram-lhe novamente: Índio Pirata queres ir ao parque? Ele respondeu: SIM. 
O menino que dizia NÃO a tudo foi ao parque, brincou com a areia e com a água do regador, sujou-se e molhou-se, correu e subiu os escorregas ao contrário. Aprendeu em tão pouco tempo o significado das palavras QUERO e SIM. Os pais aprenderam que o Índio Pirata precisava apenas que lhe explicassem o verdadeiro significado das palavras, mostrando-lhe exemplos reais que tivessem significado para ele. Nessa noite, o Índio Pirata foi para a cama sem birras, sem teimosias, sem mal entendidos. O menino aprendeu a dizer NÃO QUERO apenas nas situações em que não queria mesmo.

Créditos de imagem: Wishªcolor

Filho, do alto dos teus 21 meses, é isto que nos acontece.  Isto é uma adaptação inspirada no que queremos alcançar. Ainda não chegámos propriamente à parte de utilizares o NÃO QUERO quando não queres mesmo, mas estamos a caminho. Parabéns pelo 21º mês de vida meu amor teimoso.
Meu Índio, não te esqueças que um teimoso não teima sozinho. Pode sempre dar-se o caso de encontrares um pior do que tu; sempre que considero que é necessário, eu teimo.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Ouve o que eu te digo menina, isso não foi um sonho. Isso foi uma ilusão.

Já passaram quase dois anos. Era Verão, mas o cinzento do Inverno rondava-nos. Eu, que trazia uma luz dentro de mim, via e sentia a tua escuridão. Eu desiludi-me, eu desacreditei, eu questionei, eu chorei. Marcou-me, marcou-nos a todas - o rapazinho ainda não tinha chegado, por isso o clã era totalmente feminino. No entanto, a cicatriz nunca ficará em mim como ficou em ti. 
Tu tinhas um sonho. Tu querias outro desfecho para a tua história. Tu carregavas a esperança que, achavas tu, tinha sido roubada aos nossos antepassados. Tu querias fechar o livro com um final diferente. Querias escrever com caneta dourada e não a tinta preta carregada. Tu querias para o teu fruto o que não tinhas tido. Eu também sonhei isso para ti. E sonho. 
Tu caíste, e não foi por um amor. Tu choraste, e não foi por gente. Tu deixaste atropelar o teu "Eu" por um carro que se atravessou à tua frente, e não te desviaste. Tu quase desististe pelos motivos errados.
O problema é que tu és pessoa de ser fiel aos teus princípios. És de valores. És genuína. És de ideais, que não anda ao "sabor" do vento. És pessoa que quer uma vida partilhada e não duas vidas separadas com encontros esporádicos. És de garra e de lutas. És de objetivos. És de ter um porto seguro. És gente de verdade. Na verdade, o problema não é seres tudo isto, o problema é teres chamado sonho a algo que foi um pesadelo, é veres e sentires o sonho ao contrário e continuares a chamar-lhe sonho. É como quando vamos na rua a caminhar tranquilamente. Felizes e disponíveis. Vimos alguém ao longe que nos parece conhecido. Um alguém de quem gostamos e até queremos encontrar. Aceleramos o passo na sua direção. Esta caminhada é alucinante porque julgamos que estamos a ir ao encontro da pessoa certa. Ajeitamos o cabelo e passamos um batom porque temos de estar perfeitas quando o olharmos. Sentimos um frio na barriga. Paramos, para segundos depois avançarmos novamente. Agora é que é, nada nos detém. Começa a tocar a nossa música preferida ou a que julgamos ser a nossa preferida. Estamos quase a chegar perto da tal pessoa. Quase a tocar-lhe no ombro. A sentir-lhe o cheiro. Surge uma ventania inesperada. A imagem torna-se nítida. Olha, parecia mesmo uma pessoa, a tal pessoa. Afinal, era uma silhueta humana perfeita recortada e impressa num balão. O nó do fio que segura o balão desata-se e ele desaparece no ar. Parecia mesmo, juramos que parecia. Mas não era. Assumes que deixaste voar o sonho, o teu sonho. Carregas este peso. Mas ouve o que eu te digo menina, isso não foi um sonho. Isso foi uma ilusão, ótica por sinal.
O lado bom da história é que aquela pessoa que julgaste ter encontrado ainda está por encontrar. E o mundo não é assim tão grande!

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Reflexões profundas (ou não) #3 - Socorro, o cesto da roupa suja não pára de crescer!

Nunca mais vou ver o fundo do cesto da roupa suja, pois não? E se deitar fora a roupa que habita por lá há demasiados dias (até podia dizer semanas, para não dizer coisa pior), durante quanto tempo conseguirei vê-lo? Apenas uns minutos, não é? É melhor deixar como está. 

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Constatações da hora de almoço

Chego a casa para almoçar. Encontro o Peter Pan e o Pirata no chão da casa de banho deitados de papo para o ar; o rolo do papel higiénico e o "cabeça de ovo" - boneco assim batizado, carinhosamente, pelo pai cá de casa, só porque tem a cabeça amarela - dentro da banheira; o gel duche dentro do bidé; o comando que devia estar na sala em cima do banco da cozinha; a caixa das minhas lentes no chão do quarto; o boné dele em cima do autoclismo; uma quantidade significativa de brinquedos no chão da sala. Isto porque teve 120 segundos livres de manhã, antes de sairmos de casa, e não sabia muito bem o que fazer. Estou cansada só de escrever isto e o Peter Pan e o Pirata continuam ali de papo para o ar e não fazem nada. 

sábado, 20 de junho de 2015

Barómetro de crescimento #2

De quando em vez chamas-me Mãe, MÃE com convicção. Já não me chamas sempre "mamã". E eu que gosto tanto do teu "mamã", tão doce e tão infantil. Às vezes também chamas o papá de pai. Nós é que continuamos a chamar-te de "nosso bebé". E é o que tu és!
Está descansado que quando tiveres 60 anos não te chamaremos bebé - não querendo ser pessimista, nessa altura teríamos um pouco menos de 100 anos, talvez não dê mesmo para te chamar nem bebé nem outra coisa qualquer... Bolas, fomos pais tarde.

Quantos queres?

Alguns dos números da minha vida (alguns estão nela temporariamente e sujeitos a alterações, outros farão parte da minha história):

1931, 1955, 1976, 1977, 1982, 1995, 2010 e 2013 foram anos de grandes colheitas.
2005 foi um ano de Adeus.
90 anos com saúde, com cabeça e com "pessoas minhas" perto de mim é um pedido.
84 é a idade da minha avó.
38 anos já cá cantam.
27 é o dia da minha vida, é o meu número da sorte.
14 foi um dia de sol.
3 "em Maio" conheci a minha irmã. Ela não dizia 3 de Maio, não é lá muito esperta... Até que é.
3 filhos ou 2, vá. 1 já cá está.
2, quase 2 anos, é a idade do meu filho.
5, quase 5 anos, é a idade da minha sobrinha.
16 horas e 29 minutos, nasceu-me uma forma de amor sublime, eu nasci como mãe.
300 euros a mais no ordenado é um objetivo.
45 dias de férias por ano é um desejo.
30 horas por dia é uma utopia.
0 perdas, tenho medo de perder pessoas (todos têm, não é?).
+00 (infinitos) sorrisos e alegrias - meus e dos meus.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Tu, que fazes 60 anos

Tu. Tu, que nasceste como primogénita em 1955. Que foste a menina bonita da tua aldeia e arredores. Vinham visitar-te por isso. Que choraste muito em bebé. Que atiravas comida para cima do telhado porque não querias comer o que a tua mãe te deixava para o almoço. Que foste filha única durante muito tempo. Que perdeste um irmão. Que, anos mais tarde, ganhaste uma irmã. Que substituías a tua professora quando ela tinha de faltar. Que, por este motivo, ganhaste um vestido de lã. Que começaste a trabalhar aos 13 anos, pequenina e franzina que só tu. Que tiveste muito amor de um lado. Que te faltou muito amor, empenho e carinho do outro - lado este que até te quis dar, que te magoou física e psicologicamente. Que entraste para uma grande empresa aos 19 anos. Que casaste aos 20 anos. Que foste mãe aos 21 anos. Que enfrentaste ruturas. Que anos mais tarde foste mãe novamente. Que trabalhaste de segunda a domingo para não acumulares dívidas que outros fizeram. Que enfrentaste o desemprego numa idade complicada. Que deste a volta e conseguiste um novo emprego quando mais novos do que tu não conseguiam. Que tiraste a carta de condução tardiamente. Que adoras conduzir. Que adoras telefones, não tivesses sido tu uma rapariga das telecomunicações. Que compraste a tua casa sozinha. Que gostas de viver. Que gostas de passear. Que gostas de dançar. Que és avó. Que tens muitos amigos (alguns não são teus amigos, outros são de coração). Que te levaram oportunidades que te estavam destinadas. Que me falhaste, talvez porque te falharam. Que me valeste. Que me cuidaste. Que me fizeste nascer. Parabéns mãe, hoje fazes 60 anos. 

terça-feira, 16 de junho de 2015

Barómetro de crescimento #1

Tarde de Domingo, chateada com o Paibilista. Vou à casa de banho (eu sei que isto não tem interesse nenhum, mas é para contextualizar), verifico que o rolo do papel higiénico terminou (isto também não interessa a ninguém, eu sei). Não quero pedir ao homem adulto da casa para me trazer um novo, porque estou chateada e não quero conversas de espécie alguma (é uma estupidez, mas não tenho os rolos na casa de banho, já percebi). Chamo a criança oficial da casa e peço-lhe que me traga um rolo, dou instruções de longe... Entra uma mini pessoa na casa de banho com o rolo pedido na mão. Para além disto, também lhe dei a esfregona para a mão e ele lá andou com ela para a frente e para trás a limpar o chão.
Este meu bebé está tão crescido!

domingo, 14 de junho de 2015

Vai uma Birra!? Bem que esta palavrinha podia apenas significar cerveja

Eu nem sou muito apreciadora de cerveja, sou mais da Caipirinha e do Gin (ou era, isto agora está tão fraquinho que bebo um golo de vinho e fico a levitar), mas bem que preferia as Birras que significam Cerveja a todas as outras. Às do meu filho, às minhas e às dos outros.
Em relação às do meu filho, juro que sou paciente, que tento perceber o que o está a incomodar, que verbalizo em tom baixo hipóteses para as ditas, que procuro que ele me diga o que tem. Nasceu-me paciência que eu nem sabia que existia. Acho até que aquelas vitaminas que nos mandam tomar durante a gravidez contêm quilos de paciência. Mas há dias tramados, em que eu faço birra e embirro que ele não faz isto ou aquilo sem lhe dar qualquer explicação. Eu também faço birra, a diferença é que eu não tenho 20 meses nem tantas desculpas, pelo menos quem me rodeia não é assim tão tolerante. Há dias em que eu preferia não aturar-me, mas não tenho grande opção. Em relação ao bebé da casa é quase igual, não tenho opção. Atura, contorna e mantém a calma - é este o pensamento.
É suposto esta fase passar quando? Ai ainda nem começou? É suposto ser aos 2 anos? Neste ponto o miúdo foi muito precoce e as birras já cá cantam (e já há algum tempo). Não sei se ria, se chore. O melhor é beber um Birra!
Relativamente às Birras dos outros (com ou sem álcool), por agora, estão interditas à minha pessoa. 

quinta-feira, 11 de junho de 2015

A idade dos porquês

Porque é que os miúdos têm necessidade de desarrumar tudo? Porque é que fazem cocó durante a noite? Porque é que sujam tanta roupa? Porque é que a cozinha fica uma pocilga quando os pais decidem que está na hora de os miúdos se tornarem autónomos no que respeita a alimentarem-se? Porque é que as crianças atiram tudo para o chão? Porque é que os pais (não as mães) dão um IPad e um copo com água aos filhos, em simultâneo, como forma de entretenimento? Porque é que as mães (assim no geral, nenhuma em particular) lhes calçam os sapatos ao contrário? Porque é que os miúdos não nos facilitam a vida naquele momento exato em que precisamos despachar coisas? Porque é que os miúdos choram e gritam? Porque é que oferecem tantas coisas aos miúdos que não servem para nada? Porque é que os cremes para peles sensíveis e atópicas e as fraldas não são comparticipados? Porque é que fazem banheiras com fraldário (daquelas que usamos quando eles são miniaturas) sem rodas? É para nos fazerem carregar baldes de água da casa de banho para o quarto? E porque é que as cadeiras da papa não têm rodas atrás e à frente? Já inventaram travões para as rodas, certo? Ou sonhei? Porque é que fazem babygrows com mangas apertadas e/ou com botões tão mal localizados que são necessárias duas pessoas para os vestir? Porque é que todos os miúdos gostam de comandos verdadeiros? E mesmo que compremos um comando de brincar, semelhante ao verdadeiro, nunca tem o mesmo interesse? Porque é que constroem prédios com 3 andares sem elevador? Porque é que não me respondem?
Pensavam que era o miúdo que já me questionava se é a terra que gira em torno do sol ou vice versa? Não, sou mesmo eu que saltei etapas do desenvolvimento em criança e agora é o que se vê. É oficial, estou na idade dos porquês!

P.S. Este texto está sujeito a atualizações, nunca estará concluído. 

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Reflexões profundas (ou não) #2 - Conversa fiada

Eu tenho uma amiga, que tem um amigo que conhece não sei quem que... Porque é que as pessoas dizem isto? Já ninguém acredita que tu tens uma amiga, que tem um amigo que conhece não sei quem que... Todos desconfiam que tu é que...

Em podendo fazer xixi no sofá, prefiro.

Brinco com o bacio, sento-me e levanto-me. Também gosto de utilizá-lo para arrumar alguns brinquedos. Tento baixar as calças puxando-as para cima, ainda não percebi muito bem como é que isto funciona, para tirar a camisola não é assim que se faz!? O meu pai pergunta-me se quero fazer xixi, respondo que não. Adoro dizer "Não quero", adoro, até mesmo quando quero. Sou torto, dizem que me pareço com a minha mãe, mas ela é tão querida, esta gente tem a mania de mentir às crianças. Ao fim de um tempo lá me convencem a tirar a fralda, desapertam-me o body. Ao contrário, primeiro o body e depois a fralda. Ando pela casa só com um body branco pendurado, pareço um pinguim. Sento-me num bacio e no outro. É verdade, os meus pais são parvos e eu tenho dois. Um deles parece uma cadeira, vejam só. Não faço xixi em nenhum, já fiz mas agora não é coisa que me atraia. Eles distraem-se e eu subo para o sofá. Eles olham para mim e pensam "que querido, está com sono, encostou-se ali e ali está sossegadinho". Passa-lhes pela cabeça que até posso estar ali por outro motivo, devidamente sentado e refastelado a experimentar sensações novas. Lá correm, mas eu já mijei o sofá, ou já fiz xixi no sofá, como queiram.
Já experimentaram? É bem mais confortável que os assentos de plástico que os meus pais compraram.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

A brincar é que a gente (pequena) se entende #2 - Brincadeiras no banho

Brincar é o trabalho das crianças e também o dos pais, ainda que em regime de part-time, pelo menos para mim. Tento inventar brincadeiras para incluir nas rotinas, para evitar birras, para não serem tão chatas. Desta vez foi o banho. No Inverno não é fácil porque está frio, os miúdos arrefecem e o banho quer-se rápido. No Verão, com este calor, apetece estar de molho.
Fecho a porta da casa de banho e vou controlando a temperatura da água e o meu amor pequeno - se fica arrepiado, com a pele engelhada, etc. Coloco-o na banheira com a água morna, dou-lhe um copo de plástico, um barco e um boneco que chamo de Peter Pan - o pai diz que é um boneco novo, que tem outro nome, mas com aquela roupa, para mim, é o Peter Pan. Ele enche e despeja o copo, compreende o que é cheio e vazio. Ele aprende a beber água com um copo normal porque teima em beber a água do banho. Eu deixo porque ainda não há sabonete nem champô na água. Ele engasga-se porque é bruto e ainda não controla muito bem a velocidade com que bebe a água com aquele copo. Ele enche o copo com água e despeja-a para dentro do barco. O barco vai ao fundo. Peço-lhe para meter o boneco dentro do copo e ele obedece. Depois tira-o. Eu paro de lhe dar instruções e exemplificações, ele repete isto várias vezes de livre e espontânea vontade, com muita atenção, ignorando que eu continuo ali. Ele diverte-se fazendo e eu divirto-me olhando, só olhando.
Começamos o banho propriamente dito e já passaram 10/15 minutos desde a entrada na banheira. Já não o deixo beber água, dou-lhe a esponja para ele lavar a barriga e ele lava. Pergunto-lhe pelas pernas e ele aponta para elas e esfrega-as. Pergunto-lhe pelos pés e ele levanta-os. Pergunto-lhe pela orelha, ele aponta para uma e diz a "outa", eu digo-lhe que a outra está do outro lado e ele ri-se.
A saída do banho origina uma birra. Não quer deixar aquela brincadeira. Negoceio com ele e digo-lhe para ele escolher um dos objetos, vamos levá-lo para ele o limpar enquanto eu o limpo a ele. Ele escolhe o barco e o boneco, fica o copo. Eu aceito. Dou-lhe uma compressa e ele limpa o barco e o boneco. Depois atira-os para o chão. Estamos prontos para jantar.
Tão simples e tão bom.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Mãe, mãe, a sombra não me deixa passar!

Acho que ele descobriu a sombra. Não sei se é muito normal as mães falarem desta descoberta, mas eu adorei. É claro que o miúdo não me chegou a casa a explicar o que é isso da sombra e como é que ela surge, nem sei se foi por engano, nem sei se só me voltará a demonstrar que viu aquela mancha à sua frente daqui a uns anos. No entanto, não queria deixar de registar o momento. Ontem, numa das idas ao parque, reparei que estava a olhar muito sério para o chão. Dava passos pequenos para a frente e observava a sombra, dava passos pequenos para trás e observava a sombra. Olhei para ele e deixei-o repetir aqueles movimentos. Depois fui ter com ele e disse-lhe: É a sombra, filho, é a tua sombra. Ele andou mais uma vez para a frente, mais uma para trás e seguiu a vida dele. O que ele queria mesmo era correr descalço no parque e que eu andasse atrás dele a dizer "vou apanhar-te". Acho que quis apenas certificar-se de que aquela "coisa" que lhe apareceu à frente não o impedia. Eu, que sou mãe, e parva, é que acho que ele descobriu a sombra. 

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Sejam crianças. Sempre.

Filho, desejo que preserves sempre uma parte da criança que és hoje. Que mantenhas o teu sorriso de sol refletido no olhar. Que brinques muito. Que a curiosidade da infância perdure na tua tua vida. Que comemores tudo o que tiveres direito. Que corras atrás do que queres sem medo, como fazes hoje. Que contagies os que estão ao teu lado com a tua alegria e com a tua garra. Que sejas feliz com pouco e com muito, valorizando sempre o que conseguiste e o que tens. Que sejas feliz, é esse o meu maior desejo. Que sejas feliz. Tudo o que desejo para ti, desejo para a tua prima.
Hoje andaste de comboio pela primeira vez, com a tua prima, gostaste, riste e gritaste durante a viagem. Hoje saltaste num insuflável pela primeira vez, com a tua prima, e adoraste. Hoje fizeste um desenho com um pincel, sujaste as mãos e a roupa. 
Princesa da tia, hoje comprei-te bolas de sabão, foste tu que pediste. Eu acho que as bolas de sabão são mágicas. Lembro-me que em criança, depois de terminar a embalagem, depois de soprar até me cansar, enchia a embalagem com água e Sonasol; não era bem a mesma coisa, mas sempre dava para prolongar a brincadeira. Hoje fizeste-me reviver esses tempos. Hoje desenhaste a tua mão numa folha que ficou colada num cartaz que estava no jardim. Hoje fizeste uma pulseira. Hoje brincaste. 
Hoje, vocês os dois, fizeram birras e divertiram-se. Hoje, vocês os dois, foram o que têm de ser: crianças.
Hoje não trabalhei e comemorámos juntos este dia (e a avó também). Hoje fiquei desiludida com as bolas de sabão, não no efeito alcançado de ver uma paisagem de bolas transparentes, mas sim no equipamento utilizado. Antes desatarraxávamos a embalagem e soprávamos, hoje o recipiente com o líquido vem numa pistola, disparamos e surgem bolas de sabão no ar. Pode ser saudosismo, mas não é bem a mesma coisa. Hoje fui criança, mais do que o habitual. 
Feliz dia meus amores. Feliz dia para todas as crianças e para as que ainda deviam sê-lo e não são. Não, não desejo que sejam felizes só hoje, desejo que sejam felizes sempre. Neste dia, bem como em outras datas especiais (ou não), verbalizo/exteriorizo mais este desejo.