quarta-feira, 27 de maio de 2015

Utopia #1

Tive um professor que, no seguimento de uma simulação de um caso de Mediação Familiar, nos disse que para ele era impensável, tendo dinheiro, regatear o valor da pensão de alimentos de um filho. O bem estar do filho viria sempre em primeiro lugar, por isso, podendo, não haveria qualquer conflito com mãe da criança em caso de separação. Isto para nos dizer que esta é a ideia dele, não é a ideia de todos os pais - mesmo os que têm dinheiro, podem não partilhar a mesma posição em relação a este tema. Existem conflitos que nos podem parecer descabidos, mas existem e têm de ser encarados como tal e mediados. Eu não sou Mediadora Familiar, nem sei se lidaria bem com todas as situações que me surgissem, mas sei que sempre que conseguisse um resultado em que a criança fosse a verdadeira vencedora iria sentir-me verdadeiramente útil à sociedade, em geral, e àquela criança em particular.
Num mundo perfeito todos pensariam como aquele professor. Mas não, não vivemos num mundo perfeito. Hoje só me consigo lembrar disto e nas consequências que os conflitos dos pais podem ter na vida dos filhos. Ou então, nas consequências que o facto de um dos pais não assumir a sua responsabilidade parental pode ter na vida dos filhos. Talvez seja mais isto.

Num mundo perfeito, os divórcios certamente não existiam, mas a existirem:

- As crianças nunca teriam de escolher um dos pais;
- As crianças nunca seriam privadas de estar com o pai ou com a mãe;
- As crianças nunca assistiriam a discussões dos pais;
- As crianças nunca chorariam pelo divórcio ou pelas discussões dos pais;
- As crianças nunca seriam consideradas moeda de troca;
- As crianças nunca seriam abandonadas;
- Os pais, apesar de separados, conseguiriam entender-se, conseguiriam ser amigos e cúmplices nessa tarefa que é preparar uma criança para a vida;
- Os pais seriam capazes de ser pais.
- O pai/a mãe não acusaria o outro de estar a esbanjar dinheiro porque a criança tem a atividade A ou B. Conversariam e refletiriam, juntos, sobre o que é que conseguiriam fazer, que custos conseguiriam suportar para proporcionar a atividade A ou B à criança;
- Não haveria desconfiança, porque nunca passaria pela cabeça de um pai/uma mãe esconder rendimentos ou inventar despesas para não pagar as despesas da criança;
- Os pais conversariam sobre a Educação da criança e definiriam caminhos/regras/estratégias juntos;
- As novas famílias dos pais interagiriam sem dificuldades;
- Nenhum dos pais se sentiria ameaçado pelo outro;
- Os interesses da criança estariam sempre acima dos interesses dos pais. Melhor ainda, os interesses dos pais e da criança andariam sempre lado a lado, na medida em que os interesses da criança deveriam ser, incontornavelmente, os interesses dos pais.

Mas não, não vivemos num mundo perfeito.

Direcionando para alguém que me fez escrever isto hoje: Continua a fazer a tua parte, aproveita o dia e acredita na justiça, acredita, acredita, acredita.

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